Dominando o mercado de trabalho em Mato Grosso do Sul, estudo realizado pelo Sebrae, com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta que as micro e pequenas empresas (MPEs) foram responsáveis pela geração de 20.038 empregos formais em 2023. Ao considerar demissões e contratações, no total, foram 27.986 vagas geradas por todos os portes de empreendimentos, o equivalente a 71,6% dos postos com carteira assinada criados no ano passado.
Na comparação entre 2022 e 2023, o Estado apresentou leve queda no saldo de novas vagas geradas pelas micro e pequenas empresas, com menos 10.193 postos de trabalho, tendo em vista que em 2022 foram 30.231 – a redução foi de 33,72%.
Ainda de acordo com o relatório, o setor que liderou a categoria das micro e pequenas empresas no Estado foi o de serviços, com saldo de 9.904 postos de trabalho criados em 2023, seguido por comércio, com 5.194, construção, com 1.805, agropecuária, com 1.792, e indústria de transformação, com 1.282.
As empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano são as que compõem a categoria de microempresa. Conforme o Sebrae, outra característica, além da receita bruta anual, é o número de funcionários, pois empresas de comércio ou serviços devem ter entre 10 e 49 funcionários, já as indústrias ou de construção precisam ter entre 20 e 99 funcionários.
O mestre em Economia Eugênio Pavão explica o aspecto determinante que leva as micro e pequenas empresas a sustentarem a geração de empregos com carteira assinada.
“A estrutura dos negócios é a [característica] principal, tendo em vista que as grandes indústrias, que foram grandes geradoras de empresas, têm na automação o fator de crescimento da produtividade, economizando o fator trabalho”.
Pavão detalha que, para funcionar, os pequenos empreendimentos quase não têm barreiras à entrada, permitindo a disseminação de um universo grande de atividades em vários setores. “O comércio e os serviços de porte pequeno estimulam o emprego formal ao contratar enorme contingente de trabalhadores”, relata.
Cabe destacar que os empregos, antes da década de 1990, estavam nas indústrias e no setor público, mas, com a automação e a redução de empresas estatais e cargos públicos, houve aumento do empreendedorismo. “Essa foi a solução para a ocupação do contingente que perdeu o emprego”, aponta o economista.
Ao analisar o cenário, o diretor de Operações do Sebrae-MS, Tito Estanqueiro, destaca o balanço como positivo. “Os grandes investimentos que o Estado vem recebendo estão gerando oportunidades para micro e pequenas empresas e, quando abre uma empresa, há novas contratações”.
Para o analista técnico do Sebrae-MS Paulo Maciel, os pequenos negócios desempenham um papel vital na criação e na manutenção do saldo de empregos em Mato Grosso do Sul.
“De acordo com os dados, os pequenos negócios contribuíram com 71,60% do saldo de empregos no Estado, ante 21,02% das médias e grandes empresas. Isso denota todo o protagonismo que os pequenos negócios têm na dinâmica econômica de MS”, afirma.
No País, as micro e pequenas empresas ganham o protagonismo pelo terceiro ano consecutivo na geração de novos postos de trabalho, ainda de acordo com o levantamento feito pelo Sebrae com dados do Caged. Os pequenos negócios responderam por 8 em cada 10 empregos criados em 2023.
PROJEÇÃO
O mestre em Economia Eugênio Pavão ressalta que a tendência para este ano é o estímulo para vagas em empregos públicos e empregos nas regiões urbanas. “Com o aumento do tempo para aposentadoria, essa massa de trabalhadores deve buscar empreender, investir e estimular a geração dos negócios e renda”, pondera.
Pavão acrescenta que a importância das micro e pequenas empresas é inquestionável, porém, com a macroeconomia crescendo, a geração de empregos fica mais viável.
O diretor do Sebrae-MS pontua que investimentos realizados no Estado estão gerando oportunidades para micro e pequenos empresários. “Quando abre uma empresa, há novas contratações. Esperamos um 2024 otimista, com pequenos negócios abrindo, já que em 2023 tivemos recorde aqui”.
ABERTURA DE EMPRESAS
No ano passado, dados compilados pela Receita Federal mostram que, ao considerar microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (MEs), empresas de pequeno porte (EPPs) e demais tipos de firmas, Mato Grosso do Sul tinha 52.886 empreendimentos. Em 2022, eram 54.333 empreendimentos, ou seja, houve uma queda de 2,65%.
Ao desconsiderar os MEIs, números da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems) deste ano destacam que o setor com maior número de empresas constituídas foi o de serviços (7.285), seguido por comércio (2.456) e indústria (376). Somente em dezembro, foram abertas 622 empresas no Estado, sendo 486 no setor de serviços, 116 no comércio e 20 na indústria.
Segundo os dados, esse foi o quarto maior recorde consecutivo de abertura de empresas no Estado. Estanqueiro destaca o número de pequenos negócios abertos em 2023 como presságio positivo para um cenário aquecido.
“Esperamos que consigamos manter a economia aquecida, dinamizando a oportunidade de emprego e com pessoas com renda que vão para o mercado de trabalho e, assim, retroalimentam toda a dinâmica econômica”, encerra.
FONTE: CORREIO DO ESTADO