Questionado sobre a participação da SED nos diversos debates sobre as possíveis melhorias na implementação do novo Ensino Médio, Hélio Queiroz informou que a Secretaria de Estado de Educação participou ativamente na elaboração das mudanças presentes no projeto de lei.
“Naturalmente, a gente escuta bastante professores, diretores e estudantes, e o sindicato [Fetems] tem um diálogo com a secretaria, mas apresentamos a visão da SED, que é mais técnica, apontando o que deu certo e também as falhas, que, no nosso entendimento, precisam ser corrigidas”, disse.
Consulta
No ano passado, o Ministério da Educação abriu uma consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional do Ensino Médio.
O governo federal também organizou webinários com a participação da sociedade e seminários em conjunto com representações de estudantes em cada região do País.
Em Campo Grande, uma audiência pública para debater o modelo de ensino foi realizada em abril.
O texto, que está em análise na Câmara dos Deputados, modifica diversas regras relativas a carga horária, disciplinas obrigatórias e formação de professores no Ensino Médio.
Também altera os chamados itinerários formativos, conhecidos como aulas eletivas, que permitem ao estudante completar a grade curricular com áreas do conhecimento de seu interesse.
O projeto na Câmara propõe aumentar a carga horária das disciplinas obrigatórias em 2.400 horas, sem integração com cursos técnicos. No caso dos cursos técnicos, serão 2.100 horas de disciplinas básicas e pelo menos 800 horas de aulas técnicas.
Para modificar os itinerários formativos, o novo texto define que o currículo do Ensino Médio será composto por uma formação geral básica e por percursos de aprofundamento e integração de estudos, que vão combinar no mínimo três áreas do conhecimento, definidos conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino.
OPINIÕES
O presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, declarou ao Correio do Estado, no ano passado, que o novo Ensino Médio é muito malfeito e, conforme sua avaliação, há vários aspectos para que haja um movimento nacional pela revogação da reforma.
“Esta proposta do novo Ensino Médio não foi discutida com a sociedade, a carga horária das disciplinas básicas foi diminuída em 25%. Isso aconteceu para dar mais horas para as eletivas, que trazem uma diversificação pobre, como, por exemplo, aula que ensina a fazer sabão”, disse Teixeira.
De acordo com o presidente da Fetems, a reforma do Ensino Médio não ofereceu uma preparação prévia para diretores e professores sobre as novas disciplinas que compõem a formação técnica e profissional.
“A nova grade curricular, como está atualmente, leva a uma formação mais pobre do ensino básico dos estudantes com essas aulas eletivas. O formato não capacita os alunos à profissionalização e nem prepara para o vestibular. Por isso precisamos rediscutir os itinerários [formativos]”, afirmou o presidente da Fetems.
A estudante Maria Tereza Warken Holsback Nunes, de 17 anos, que cursou o 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Joaquim Murtinho, acredita que o novo Ensino Médio demonstra uma clara falta de organização e preparo.
“Eu como aluna não consigo ver qual o objetivo do governo do Estado com os temas das eletivas, os conteúdos não fazem sentido entre si e não vejo como seriam aplicados no Enem. Nada ficou claro para os alunos e, pelo visto, nem para os professores. Acho que a grade de conteúdos precisa ser aprimorada”, declarou.
Matheus Almeida, de 16 anos, que está cursando o 2º ano do Ensino Médio, também declarou ser a favor da revogação do programa.
“Sou a favor, particularmente, porque a diminuição das aulas de História e Sociologia é algo que afeta muito no ensino e acredito que essas novas aulas, como o projeto de vida e as unidades curriculares, não são muito úteis para vestibulares ou algo que você queira seguir na sua área”, disse o estudante.