Ontem foi, até então, o dia mais quente deste inverno em Campo Grande. Os termômetros chegaram a 33,1°C, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A tendência, no entanto, é que de hoje até segunda-feira os valores sejam ainda maiores.
As altas temperaturas começaram a ser sentidas já no início de agosto, desde o dia 1º. Campo Grande tem registrado temperaturas acima dos 30°C em plena estação que deveria ser a mais fria do ano. Na terça-feira, a Capital teve máxima de 31,7°C durante a tarde; a do dia seguinte chegou a 32,7°C.
Dados do Inmet mostram que a maior temperatura para um mês de agosto nos últimos quatro anos foi registrado justamente em 2020, quando, no dia 31, Campo Grande teve máxima de 37,5°C.
Entretanto, todas as máximas para o mês que foram superiores a registrada ontem ocorreram na segunda quinzena de agosto, mas nunca no início.
De acordo com a meteorologista do Inmet Dayse Moraes, essa condição de alta já no início do mês pode ser relação com o fenômeno El Niño, que já começou a influenciar o clima no mundo todo.
“É uma tendência que veio com o El Niño, que já deve estar causando impacto sobre essas temperaturas elevadas nesse período”, afirmou.
Segundo a especialista, o fenômeno climático, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que aumenta a temperatura da Terra, deve fazer ainda mais “estrago” na primavera.
“A previsão é de que o El Niño tenha ainda mais impacto na primavera. Com isso, deveremos ter essa estação mais quente”, complementou.
O fenômeno, que chegou no início de julho, ocorre em média a cada 2 ou 7 anos, e seus episódios geralmente duram de 9 a 12 meses. O Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec) alerta que o El Niño deve permanecer no Estado até março de 2024.
UMIDADE DO AR
Além das temperaturas elevas, o fenômeno climático traz consigo a baixa umidade relativa do ar. Nesta semana, Campo Grande teve mínima de 20% de umidade, índice considerado de alerta para a população.
De acordo com o Inmet, Mato Grosso do Sul esteve sob dois alertas de baixa umidade. Na porção centro-norte do Estado, o alerta é de perigo, pois há possibilidade da umidade ficar abaixo dos 20%. Já na parte sul, o alerta é de perigo potencial, com umidade entre 20% e 30%.
Por conta disso, dois municípios de Mato Grosso do Sul ficaram entre as menores umidades do País na quarta-feira. Sonora teve a quinta menor umidade, com apenas 15%. Coxim foi a 16ª, com 18% de umidade.
A baixa umidade relativa do ar chama atenção por ser responsável por agravar doenças respiratórias. Em entrevista ao Correio do Estado em julho, a coordenadora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera, Sandra Demetrio Lara, pontuou que, por conta disso, a preocupação deve ser redobrada durante o período.
“Com a redução da umidade, as membranas dos olhos, da boca e do nariz podem ficar mais desidratadas, proporcionando condições favoráveis para a ação de agentes externos, como vírus, bactérias e poluentes oriundos de incêndios ou queimadas”, detalhou na época.
“Nesse contexto, algumas das principais doenças que podem surgir são processos inflamatórios das vias aéreas respiratórias, tais como rinite, sinusite e irritação de mucosas, chegando a situações mais graves e que podem acabar evoluindo para casos de hospitalizações, como as influenzas, a pneumonia, a asma e as demais doenças respiratórias”, explicou.
A dica da especialista é que, em dias muito quentes, é importante fazer a ingestão de uma quantidade maior de água, usar roupas leves, manter uma alimentação equilibrada e evitar locais com aglomeração de pessoas, além de deixar os ambientes limpos e arejados.
RECORDE
O aquecimento global tem mostrado sinais cada vez mais nítidos com relação às temperaturas elevadas. Julho foi anunciado pela Nasa como o mês mais quente da história de registros da agência norte-americana, que tem 25 satélites monitorando essa situação.
Os efeitos são sentidos de forma diferente pelo globo, mas atingem várias partes do mundo, incluindo Mato Grosso do Sul, que neste ano registrou máximas recordes.
Por conta disso, o governo sul-mato-grossense publicou um decreto no Diário Oficial do Estado (DOE) do dia 21 de julho para declarar que Mato Grosso do Sul entrou em emergência ambiental, pelo menos até 31 de dezembro.
FONTE: CORREIO DO ESTADO