Pelo menos sete motociclistas morreram em acidentes em Campo Grande entre a quinta-feira da semana passada (29) e quarta-feira desta semana (05). Uma morte por dia é um dado alarmante, mas  os dados oficiais da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) mostram que a semana foi atípica. Prova disso é que no primeiro semestre deste ano o número de mortes de motociclistas foi o menor dos últimos cinco anos.

Nos primeiros seis meses foram registradas 21 óbitos no trânsito urbano (não inclui o anel viário) de Campo Grande. Isso representa queda de 32% na comparação com os 31 casos do mesmo período do ano anterior.

Desde 2017, quando também foram 21 óbitos, a Capital não fechava o primeiro semestre com número tão baixo de registros.

Uma das hipóteses para a queda de casos na comparação com o ano passado é a grande quantidade de dias chuvosos em 2023, admite Ivanise Rotta, do Gabinete de Gestão Integrada do Vida no Trânsito (GGIT).

Em junho, quando a Capital teve epenas quatro dias chuvosos, foram sete óbitos, o mês campeão em mortes. Em segundo lugar ficou janeiro, com quatro. Conforme os dados da Agetran, dos últimos 13 anos, em sete deles o mês de junho foi o campeão de óbitos de motociclistas no primeiro semestre. E, junho se caracteriza por ser um mês de estiagem, com média histórica de apenas 52 milímetros de chuva em Campo Grande.

Ela ressalta, porém, que esta é somente uma possibilidade, pois não existe pesquisa científica que relacione aumento ou queda das mortes a períodos mais ou menos chuvosos.

Porém, conforme Ivanise, está comprovado que as campanhas de conscientização e o aumento na fiscalização estão conseguindo reduzir as mortes. Em 2012, por exemplo, 83 motociclistas morreram nas ruas ou nos hospitais de Campo Grande. No ano passado, esse número caiu 39% e ficou em 51 registros.

Outro dado científico que Ivanise destaca é que as pessoas que morrem raramente são profissionais da moto. “A impressão que se tem é que os motociclistas que morrem são esses entregadores de Ifood, que você vendo fazendo loucuras, que passam no sinal vermelho. Então se a pessoa só observa, ela acha que são esses que morrem. Isso é falso. A afirmativa verdadeira é que quem vem a óbito em cima da motocicleta é o trabalhador comum. Que faz só o trajeto para o trabalho ou para o lazer. Então, quem morre não são os profissionais, por mais que eles cometam infração”, destaca ela.

Nos últimos dez anos, entre 2013 e 2022, 526 motociclistas morreram nas ruas de Campo Grande, segundo dados da Agetran. Desse total, apenas 1% eram profissionais como motoentregadores ou mototaxistas, conforme Ivanise. Neste ano, até quarta-feira, foram 24 mortes e nenhuma das vítimas era profissional, de acordo com ela.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO