Mato Grosso do Sul registrou 79,6 mil empresas inadimplentes em maio deste ano. Entre as 27 unidades federativas do País, o Estado aparece como o 16º com maior número de empresas com contas em atraso, cenário que segue tendência de elevação neste ano. Na Região Centro-Oeste, MS aparece com o menor número de negativados.

De acordo com os dados da Serasa Experian, entre janeiro e maio deste ano, 2.788 CNPJs entraram no cadastro negativo do Estado. No primeiro mês do ano, Mato Grosso do Sul registrava 76.812 CNPJs com contas em atraso, número que, apesar de relativamente baixo, vai na contramão do cenário nacional, que mostra desaceleração no montante de inadimplentes.

O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que a inadimplência tem como base dívidas com o governo, e a situação demonstra a predileção por cumprir outros compromissos, tendo em vista que o cenário atual de juros altos provocou a necessidade de escolha.

“Os empresários têm como prioridade o pagamento de pessoal e fornecedores, entre outros”, exemplifica.

Para o economista Eduardo Matos, a inadimplência se deve principalmente ao cenário macroeconômico.

“Hoje temos uma taxa de juros alta, que impacta em contratos que as empresas têm firmados com taxa de juros variáveis. Além disso, há a questão da inflação de custos, que é o encarecimento dos insumos, o que faz as empresas repassarem para os preços de venda, que, por sua vez, afastam o consumo”.

Matos explica que, como forma de manter nível aceitável de demanda, as empresas decidem reduzir suas margens de lucro, o que em médio e longo prazo prejudica o fluxo de caixa e, consequentemente, acaba levando à inadimplência.

“Faz meses que esse cenário se repete e somente poderá haver uma reviravolta quando a taxa de juros reduzir, o que será possível somente após a pressão inflacionária deixar de ser uma ameaça à economia brasileira”, projeta Matos.

REGIÃO

No comparativo da Região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul é o que tem menos estabelecimentos que estão no vermelho. Em primeiro aparece Goiás, com 220.521 empresas na lista de inadimplentes, seguido por Mato Grosso, com 139.790, Distrito Federal, com 121.227, e MS, que aparece em último lugar, com 79.600. No total, foram contabilizados 561.138 estabelecimentos com contas em atraso.

O relatório também evidencia que, entre os setores, a maioria dos estabelecimentos inadimplentes são do segmento de serviços, 54% do total, acumulando elevação de 2,46% na comparação com maio de 2022.

Na sequência vem o setor de comércio, com 37,1%, o setor industrial, com 7,7%, e, por fim, o setor primário, com apenas 0,8%, porcentual que se manteve estável em relação ao mês de abril deste ano.

De acordo com o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, “embora a taxa de juros do País ainda seja desafiadora para as empresas, a desaceleração da crescente de inadimplência das companhias pode ser um sinal de reação mais positiva para o que virá nos próximos meses”.

“Mas, para que uma perspectiva melhor aconteça de fato, é necessário que as organizações continuem vigilantes em relação à sua saúde financeira e à renegociação de dívidas”, conclui.

O total de empresas com algum tipo de compromisso financeiro em atraso no País era de 6,48 milhões até maio deste ano, uma queda ante aos 6,51 milhões identificado em abril, recorde da série histórica, iniciada em 2016 – a retração foi de 28,8 mil companhias de um mês a outro.

Demonstrando reação, o segmento de micro e pequenas empresas ainda representa a maior parcela na lista de negativados – 5,73 milhões das 6,48 milhões de empresas negativas em todo o Brasil.

ABERTURA DE EMPRESAS

Mato Grosso do Sul registrou a abertura de 4.308 empresas nos cinco primeiros meses deste ano. O número foi o maior da série histórica, iniciada há 23 anos pela Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems). O total de empreendimentos consolidados ficou 12,27% acima dos 3.837 CNPJs abertos no mesmo período do ano passado.

Em maio, foram abertas 838 novas empresas, sendo o segundo melhor resultado para o mês de toda a série histórica, e a tendência ainda é de alta.

O setor de serviços continua sendo o principal atrativo para novos empreendimentos no Estado, sendo responsável pela abertura de 605 empresas em maio, ou seja, 72,2% do total. O setor comercial foi responsável pela abertura de 212 empresas, e o segmento da indústria, 21.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO