Nos primeiros quatro meses de 2023, Mato Grosso do Sul bateu recorde na abertura e também no fechamento de empresas. Ao todo, foram registrados 3.470 novos estabelecimentos e, na outra ponta, foram fechados 1.837. Com base em dados da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems), ao considerar o período, foram abertos 28,9 CNPJs por dia e fechados 15,3.
Os dados de janeiro a abril, tanto para novos registros como para extinções, são os maiores de toda a série histórica da Junta, iniciada nos anos 2000.
Mestre em Economia, Eugênio Pavão evidencia o saldo otimista obtido no acumulado do ano, levando em conta ambos os cenários, resultando em um superavit de 1.533 empresas.
“Esse crescimento positivo na abertura de empresas mostra que a confiança na economia está voltando, com o crescimento na abertura de empresas maior do que nos últimos anos [pré-pandemia, pandemia, retorno, eleições]”, pontua Pavão.
O economista elenca alguns fatores que podem contribuir para acentuar o cenário esperançoso, como a expectativa da queda de juros no setor de investimentos e no de consumo e os estímulos por parte do governo federal e estadual, aquecendo os setores econômicos.
Ao analisar os próximos meses de Mato Grosso do Sul, para a abertura de novos negócios, o economista aposta em equilíbrio. “Creio que o saldo entre abertura e fechamento se mantenha no mesmo nível, com aberturas maiores que fechamentos, mas em escala reduzida, ou seja, menor a diferença entre ambos”, explicou.
Ao expandir a análise para o próximo semestre, o economista se diz ainda mais otimista. “O segundo semestre tem no Natal a sua melhor data, provavelmente a partir de setembro. Daí teremos incrementos na abertura de novos negócios em MS”.
DADOS
Considerando os últimos cinco anos da série histórica iniciada em 2000, divulgada pela Jucems, o Estado segue tendência de alta na abertura de novas empresas.
Fazendo um comparativo entre os anos, é possível observar a elevação anual. Em 2019, foram 2.286 novas empresas, seguido por 2020, com 2.361, e em 2021 foram 3.091. Já em 2022, foi registrada uma breve queda em comparação com o ano anterior, sendo um total de 2.990 para o primeiro quadrimestre.
Na comparação com o ano anterior, o crescimento registrado é de 480 empresas constituídas, ou seja, elevação porcentual de 16,05% para os primeiros quatro meses do ano.
Já em relação aos estabelecimentos extintos, o número também é o maior da série histórica. O número passou de 850 fechamentos em 2019, enquanto neste ano são 1.837. Em 2020, foram 1.304; em 2021, 1.352; e em 2022,1.506.
Conforme a Carta de Conjuntura de Abertura de Empresas divulgada em abril pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o mês é o segundo maior da série histórica, com 800 novas empresas, perdendo apenas para 2013, quando foram identificadas 811 novas empresas.
Entre os setores, o de serviços segue se destacando, concentrando 70,38% do total de empresas abertas em abril. O comércio responde por 25,63%, e a indústria, 4%.
No acumulado de 2023, são 2.470 do setor de serviços, 863 do comércio e 137 da indústria. “O comércio exige um custo maior na abertura, apresentando uma dificuldade média. Já o setor industrial é o que apresenta menor crescimento, em razão da maior complexidade e dos custos altos”, justifica Pavão.
O titular da Semadesc, Jaime Verruck, relaciona o bom momento às atividades assertivas realizadas por meio das políticas públicas. “Mato Grosso do Sul tem estado atento para garantir condições de essas empresas prosperarem, com incentivos, capacitação e orientação técnica por meio de parcerias”, destacou.
RECUPERAÇÃO
Ainda sobre a situação empresarial, levantamento realizado pela Serasa Experian aponta que, entre os meses de janeiro e abril, nove recuperações judiciais foram deferidas.
Dessas, cinco ações de recuperação judicial foram concedidas no Estado, e nenhuma recuperação extrajudicial foi requerida ou homologada no período.
Nos anos anteriores, foram registrados os seguintes números: em 2019, houve 17 recuperações judiciais deferidas e 6 concedidas. Já em 2020, foram concedidas 12 ações de recuperação judicial; em 2021, foram 12 empresas que tiveram a concessão do requerimento; e no ano passado foram 7.
Recuperações extrajudiciais requeridas e homologadas não foram registradas durante os últimos cinco anos, conforme o levantamento da Serasa Experian. (Colaborou Súzan Benites)
FONTE: CORREIO DO ESTADO