Após anúncio do vice-presidente, Geraldo Alckmin, nesta quinta-feira (25) sobre o plano de redução no preço dos carros populares novos, associações de revendedores de veículos automotores e concessionárias se manifestaram sobre a medida de incentivo. De acordo com a categoria, a proposta é positiva, mas é preciso haver um estudo mais detalhado.
Em nota, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Andreta Jr. informou que as medidas anunciadas para o setor automotivo pelo governo são positivas, mas ainda existem alguns pontos que precisam ser melhor definidos para uma análise mais aprofundada sobre o assunto.
“Pelo que foi tratado e anunciado até o momento, a FENABRAVE acredita que uma provável redução dos preços dos carros, a patamares abaixo de R$60 mil, se atrelada a um crédito mais farto e barato, possa alcançar os consumidores que hoje estão fora da faixa de consumo de automóveis zero km”, informou o presidente.
“No entanto, não se pode fazer projeções e estimativas de volumes e percentuais, sem antes ter conhecimento do decreto a ser publicado em até quinze dias e sua efetiva aplicabilidade pelas montadoras”, finalizou em nota.
A Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), representante do Setor de Revendas de Automóveis Seminovos e Usados, afirmou que todas as medidas para movimentar o mercado de veículos no país são válidas.
“É importante que essas medidas, favorecendo a indústria, e consequentemente, o mercado de veículos zero Km, sejam acompanhadas por um olhar do Governo Federal também para o segmento de revendedores de veículos seminovos e usados, já que a questão não é apenas auxiliar a indústria (que hoje apresenta uma capacidade ociosa de produção), suas concessionárias e o consumidor final”, disse em nota.
Conforme anunciado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) a principal medida será a redução de tributos para veículos de até R$ 120 mil, com a redução do IPI e do PIS/Cofins. As reduções nos preços finais dos veículos vão variar de 1,5% até 10,96%, sendo os descontos maiores para os carros mais baratos.
Na reunião, o governo informou que o pacote será detalhado dentro de 15 dias. Até lá, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) realizará cálculos de medidas compensatórias para perda de receita com os incentivos.
Ao Correio do Estado, o gerente de vendas da Perkal Chevrolet, Carlos Villa Maior, explicou que é preciso aguardar o detalhamento do pacote, para entender como será a redução no valor dos veículos. Para ele, o governo criou uma série de expectativas no mercado, sem nenhum estudo prévio.
“Acontece que eles [Governo Federal] não tem uma definição ainda de como o plano será aplicado. Vai ser bom para o setor? Lógico, toda a redução é bem-vinda, mas é preciso detalhar mais. O governo já poderia ter lançado um estudo detalhado junto ao anúncio”, frisou o gerente de vendas.
“Até o momento o que nós sabemos é que serão privilegiados [a redução] os veículos com mais eficiência energética, mais ecológico, que polui menos e com menor emissão de CO2, mas ainda é preciso esperar, vamos ver, estamos ansiosos”, afirmou Villa Maior.
Segundo o vice-presidente, os carros mais baratos poderão começar a ser vendidos por um valor abaixo de R$ 60 mil porque, além das reduções tributárias, há a possibilidade de vendas diretas da indústria, o que representaria um “desconto ex-tarifário importante”. Além disso, o governo federal afirma que a redução nos preços deve atingir 33 modelos, de 11 marcas.
Para a Fenauto, os incentivos anunciados para as montadoras e a indústria nacional são legítimos, mas não devem ser os únicos beneficiados. “A cadeia que compõe o setor automotivo brasileiro contempla muitos outros participantes (autopeças, seminovos e usados, mecânicas, implementos, acessórios etc.), e são essas categorias que também precisam e merecem ser desoneradas como um todo”, finalizou em nota.
A curto prazo
Nesta sexta-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o programa é uma medida transitória, de curto prazo, enquanto não se inicia o ciclo de corte de juros no Brasil. Haddad disse que o plano de redução do preço dos carros populares deve durar menos de 12 meses.
“Estamos começando o ciclo de redução dos juros brevemente, o próprio presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] tem dito que as coisas estão se alinhando nesse sentido”, afirmou o ministro.
Com relação às críticas de que a medida vai diminuir a arrecadação sem atender às camadas mais pobres da sociedade, Haddad argumentou que o governo busca atingir todas as classes sociais.
Após o anúncio, para ter uma ideia do impacto no preço final, o site Valor repassou integralmente a faixa de redução dos impostos federais sobre o preço dos 10 carros mais baratos atualmente.
Confira os possíveis novos preços:
Modelo | Valor atual | Novo valor |
Fiat Mobi | R$ 68.990 | R$ 61.428,70 a R$ 67.955,15 |
Renault Kwid | R$ 68.990 | R$ 61.428,70 a R$ 67.955,15 |
Citröen C3 | R$ 72.990 | R$ 64.990,30 a R$ 71.895,15 |
Fiat Argo | R$ 79.790 | R$ 71.045,02 a R$ 78.593,15 |
Renault Stepway | R$ 79.790 | R$ 71.223,10 a R$ 78.790,15 |
Peugeot 208 | R$ 79.790 | R$ 71.223,10 a R$ 78.790,15 |
Volkswagen Polo Track | R$ 81.370 | R$ 72.451,86 a R$ 80.149,45 |
Hyundai HB20 | R$ 82.290 | R$ 73.271,02 a R$ 81.055,65 |
Chevrolet Onix | R$ 84.390 | R$ 75.140,86 a R$ 83.124,15 |
Fiat Cronos | R$ 84.790 | R$ 75.497,02 a R$ 83,518,15 |
*Com informações da Folhapress
FONTE: CORREIO DO ESTADO