Uma pesquisa revelou que o maior desafio dos professores da rede pública de ensino em Mato Grosso do Sul é o desinteresse do estudante com a rotina escolar. O levantamento é da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), em parceria com o Itaú Social e o Instituto Península e Profissão Docente.
A pesquisa ouviu 6.775 professores de escolas de ensino regular da rede pública, municipal e estadual, de todo o Brasil. O estudo explorou as prioridades das secretarias de Educação na visão dos professores, bem como os dados sobre a progressão de carreira e a percepção sobre a profissão.
Outro desafio apontado pelos professores em sala de aula foi a indisciplina dos estudantes (28%), o que pode ser reflexo da pandemia de Covid-19. A defasagem dos alunos é o terceiro elemento mais mencionado pelos educadores sul-mato-grossenses, com 26% dos apontamentos.
O estudo também questionou aos professores sobre quais prioridades as secretarias de educação deveriam adotar nos próximos anos para combater as dificuldades, foram apontados: a promoção de programas de reforço e recuperação (21%); o aumento do salário dos professores (19%); a oferta de apoio psicológico a professores e estudantes (18%); a promoção do envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (13%); e a melhoria da infraestrutura escolar (8%).
De acordo com a superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota, para enfrentar os desafios enfatizadas pelos professores é preciso implementar programas de reforço e recomposição das aprendizagens.
“São necessárias ações estruturadas nas distintas instâncias da gestão educacional, desde as secretarias, gestão das escolas até novas práticas pedagógicas na sala de aula para dar conta dos desafios”, afirma a superintendente.
“Também é importante fortalecer o diálogo e a articulação entre o governo federal e estados e municípios para avançar com a oferta de ensino integral e a Busca Ativa para alcançar, especialmente, os estudantes mais prejudicados com o fechamento das escolas em razão da pandemia de Covid-19”, complementou Patrícia Mota.
Perspectiva
A pesquisa apontou que 22% dos professores concordam que os atuais cursos de graduação de pedagogia e licenciatura são tão valorizados ou preparam bem os docentes para o início da profissão. Na média nacional, apenas 19% dos profissionais concordaram.
Além disso, 84% dos entrevistados afirmaram que os cursos presenciais formam docentes mais preparados, sendo que seis a cada 10 professores (61%) graduados no Estado em 2020 estudaram à distância. Outros 55% afirmaram não terem recebido orientação específica em seu primeiro ano de docência, período em que a aprendizagem é mais alta.
Apenas 10% dos entrevistados concordaram que, no Brasil, os professores são valorizados tanto quanto os médicos, engenheiros e advogados. Os docentes também afirmaram que gostariam de participar mais do desenho de políticas e programas educacionais de sua rede de ensino.
Em relação a progressão da carreira, 96% dos docentes concordam que a progressão deve acontecer por meio da melhoria da prática pedagógica, ou seja, aqueles que garantirem melhores condições de aprendizagem para seus alunos devem avançar mais rápido na carreira.
Reivindicação
Nesta quarta-feira (26) os professores da Rede Municipal de Ensino (Reme) dos municípios de Dourados, Chapadão do Sul e Pedro Gomes aderiram ao movimento nacional de paralisação das atividades escolares.
Ao Correio do Estado, o presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), Gilvano Bronzon, explicou que o objetivo do movimento é reivindicar o cumprimento da Lei do Piso do Magistério de 20h, assim como a revogação do Novo Ensino Médio, Segurança nas escolas, e entre outros.
A Greve Nacional da Educação em defesa do Piso do Magistério faz parte da 24ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, promovida pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), desde a última segunda-feira (24) e segue até a próxima sexta-feira (28).
Pesquisa
As entrevistas para realização do levantamento foram realizadas entre junho e dezembro de 2022. O intervalo de confiança da pesquisa com os professores é de 95% e a margem de erro é de 1%, para mais ou menos, sobre os resultados analisados.
FONTE: CORREIO DO ESTADO