Com a ideia de mobilizar cerca de três mil profissionais na Capital, os professores campo-grandenses e do interior de Mato Grosso do Sul aderiram ao movimento nacional de greve geral da educação, o que fez com que 80% das escolas de ensino fundamental amanhecessem fechadas na Cidade Morena.
Conforme o presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), Gilvano Bronzoni, a imensa maioria de escolas de ensino fundamental amanheceram fechadas.
“Há duas [escolas de ensino fundamental] apenas que pararam parcialmente. As outras todas estão fechadas. Ainda, nas escolas de educação infantil tem algumas que optaram por não parar hoje, só parcialmente alguns de seus professores”, revela Gilvano sobre o movimento desta quarta-feira (26).
Classificado como ponto de fundamental importância para a categoria, os professores citam que um projeto que construa valorização da educação, precisa valorizar o profissional, por isso a categoria espera que a prefeita, Adriane Lopes, receba a mobilização ainda hoje (26).
“Mobilização sai daqui da ACP, nós iremos até a prefeitura. Enviamos ofício comunicando da nossa presença lá e solicitando, também, já hoje uma audiência com ela, para sinalizar de forma concreta a proposta aos professores para 2023, visto que nossa data base é maio, e que começa na semana que vem já”, lembra o presidente da ACP quanto a questão salarial.
Segurança e Novo Ensino Médio
Para além da questão salarial, Gilvano faz questão de ressaltar o caráter de denúncia e reflexão sobre os vários pontos da educação, que movimentações como a de hoje rememoram para a sociedade, como a própria infraestrutura das unidades e até mesmo a segurança das escolas.
Para o presidente da ACP, assim como foi a pandemia, o atual momento da onda de violência em escolas imputa aos professores uma nova situação com que lidar. Ele lembra que professoras e professores não foram formados para se preocuparam – além de seus afazeres – com chances de ataques, que põe em risco suas vidas e a dos alunos presentes.
“Segurança nas escolas estamos debatendo desde o início dessa corrente de violência que se instalou na questão das fake news. A escola é um ambiente seguro, mas a cobrança pela segurança é um dos pontos-chave nossos da educação”, diz.
Professora na educação infantil, Alessandra Ferreira Braga Carrilho (Dra. em educação) exalta a importância do momento para a valorização dos professores, por lembrar das necessidades das escolas públicas.
Alessandra fala que o movimento de violência nas escolas sempre existiu, ficando mais evidenciado atualmente devido aos massacres mais recentes, que refletiram no cotidiano educacional.
“Houveram dias que foram muito tensos, de falsos ataques também. E Isso mobilizou muitos estudantes, que estão preocupados com isso, e o que a gente tem feito é acalmá-los”.
Como aponta a professora de história, Lenir Gomes Ximenes (Dra. em história), presente na manifestação, é importante que a categoria se mantenha mobilizada e abrace também as reivindicações feitas em âmbito nacional.
“Ao longo da história a gente percebe que é só a luta que nos garante. Porque é claro que essa questão salarial impacta diretamente na nossa vida pessoal, profissional, nosso trabalho em sala de aula, porque a gente sempre busca fazer o melhor, é evidente, mas nós precisamos ser valorizados”, comenta.
Ela destaca que, embora seja fundamental a valorização salarial, a busca dos professores passa por pedir melhores condições de trabalho e todo o conjunto de coisas que passam para valorização.
“A gente busca escolas com boas estruturas para os nossos alunos; materiais pedagógicos de qualidade; segurança para nós e para os estudantes”, pontua Lenir. ,
Em Campo Grande, pelo menos 108 mil alunos foram afetados pela paralisação das aulas na Capital. Entretanto, vale ressaltar que, com o movimento nacional cumprindo agenda de greve até o dia 28, as aulas em CG serão retomadas normalmente na quinta-feira (27).
FONTE: CORREIO DO ESTADO