Mesmo com o atraso que as chuvas causaram na colheita da soja e no plantio do milho, não deve faltar milho, principalmente para a produção industrializada a partir do grão, como o etanol.
Conforme o último boletim do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), a estimativa é de que a safra seja 5,39% maior em relação ao ciclo passado (2021/2022), atingindo uma área de 2,325 milhões de hectares.
A expectativa ainda é de que a produção seja de 11,206 milhões de toneladas, o que significa uma retração de 12,28% na comparação com o ciclo anterior.
O boletim também aponta que a produtividade estimada é de 80,33 sacas por hectare, média que está dentro do potencial produtivo das últimas cinco safras do Estado.
Ainda assim, conforme o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, o Estado ainda tem perspectiva de aumentar o nível de processamento do milho.
“Uma estratégia que colocamos para o milho no Estado é que a gente consiga aumentar o nível de processamento em Mato Grosso do Sul. Nos últimos anos, temos trabalhado fortemente para isso, com a expansão da avicultura, suinocultura e também na produção do etanol”.
“Passamos vários anos buscando atrair a indústria de etanol de milho e hoje temos a Inpasa, em Dourados. Até o fim do ano teremos a Neomille, em Maracaju. As duas indústrias vão absorver de uma safra média de 10 milhões de toneladas – 30% da produção de Mato Grosso do Sul”, comentou.
O secretário ainda frisa que os preços praticados no mercado interno na comercialização do cereal deve subir com a agroindustrialização. Atualmente, conforme a Granos Corretora, a saca com 60 kg em Mato Grosso do Sul é comercializada entre R$ 65 e R$ 69.
“A realidade de preços do milho em Mato Grosso ficou totalmente alterada após a chegada da indústria de etanol. Assim vai acontecer em Mato Grosso do Sul também”.
ATRASO
As chuvas que afetaram a colheita da soja no início do ano são motivo de preocupação, pois o produtor de milho deve enfrentar ainda outros empecilhos climáticos, como estiagem, geada e queda de granizo. Com isso, a operação de semeadura está lenta em todas as regiões do Estado.
Em entrevista ao Correio do Estado, o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, comentou que a preocupação é de uma safra com baixo rendimento.
“A safra do milho já é motivo para apreensão. Por ela ter sido plantada agora no fim de março, ela já vai ter uma produtividade mais baixa”, comentou.
Na época, a coordenadora de Economia da Aprosoja-MS, Renata Farias, também ressaltou que o atraso no plantio já é motivo de apreensão. “O plantio do milho agora nesse período já é considerado de médio risco”, opinou.
ETANOL
Dados da Biosul, até o momento, apontam que o etanol de milho representa 20% da produção do Estado. Foram produzidos 3,2 bilhões de litros de etanol, dos quais 646 milhões de litros de etanol de milho.
Conforme reportagem do Correio do Estado, o diretor da Biosul, Érico Paredes, reforçou que a produção do etanol de milho é uma atividade de alto investimento no Estado.
“Trata-se de uma atividade de alto investimento, alinhada nos quesitos de sustentabilidade, que contribui na movimentação de outros elos da cadeia produtiva”, reforçou.
FONTE: CORREIO DO ESTADO