Diante da alta da taxa de juros neste ano, o consórcio vem crescendo como forma de aquisição. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) apontam crescimento de 20% nos negócios e quase 12% nas adesões no primeiro bimestre de 2023, no comparativo com o mesmo período de 2022.
“O consórcio é um grupo de pessoas que se reúnem com a finalidade de um único propósito, que é adquirir um bem ou serviço. Cada associado contribui com uma parcela mensal, que é diluída no prazo total do plano. O bem pode ser adquirido via pagamento de lances ou lance fixo, e é possível também embutir um porcentual da própria carta para ajudar com o lance, ou ainda via sorteio”, explica Jandu Luz Ferreira, coordenador do Produto Serviço Consórcio do Sicredi União MS/TO e Oeste da Bahia.
Conforme o coordenador, o consórcio tem diversos atrativos que fazem com que as pessoas optem por esse modelo.
“Existem vários motivos que tornam um consórcio muito mais atrativo do que uma outra linha de crédito. O custo mais baixo, o risco também mais baixo, a melhora de um planejamento financeiro em longo prazo, menos burocracia para adquirir um bem, aquisição do bem com parcelas integrais. Como vou estar pagando o imóvel à vista, então eu tenho esse poder de negociação. Além disso, ajuda a formar um patrimônio, pois, a partir do momento em que eu efetivo a carta, já posso somar com o valor total”, exalta.
Também de acordo com Ferreira, outra vantagem que acaba sendo um atrativo do consórcio é a variedade de aquisições que ele possibilita.
“Eu costumo falar que você pode trabalhar o consórcio do básico ao acabamento. Ele tem uma infinidade de projetos, para adquirir um avião, uma moto, um projeto para um imóvel, para uma construção, uma reforma, posso utilizá-lo também no ramo dos serviços”, exemplifica.
“O consórcio é interessante porque ele é um produto que vale a pena em todos os cenários. Eu posso adquirir ele para ter como investimento, posso pegar uma carta e contemplar ela e ter um rendimento sobre a Selic mensal, eu posso adquirir ele e ter ele como uma reserva de investimento. Posso também planejar um projeto futuro para adquirir um bem ou até mesmo um projeto em curto prazo, posso efetivar, colocar em um grupo com um alto potencial de contemplação sobre o lance que eu tenho para ofertar para adquirir um bem e sem pagar juros, praticamente eu vou pagar só a taxa de administração, que é taxa fixa, diluída em todo o plano”, opina.
Já o economista Michel Constantino faz um alerta sobre as atualizações que o bem pode ter, o que consequentemente altera o valor da parcela, além do momento econômico atual.
“O consórcio é uma opção ao financiamento, mas é preciso cautela para avaliar, pois o consórcio depende de recurso para dar lance, e é importante ressaltar que o valor da parcela de consórcio muda conforme a atualização do bem”, detalha.
“No momento, a alternativa é esperar, deixar para fazer financiamento ou outro tipo de investimento após o terceiro semestre, que deve ser quando os juros começam a reduzir”, acrescenta.
Aumento
Os dados da Abac mostram que, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, o Sistema de Consórcios teve crescimento nas vendas de novas cotas e nos negócios, com acumulado de adesões 11,8% acima do registrado no ano passado.
O salto foi de 570,38 mil para 637,54 mil no bimestre. Ainda neste ano, os correspondentes contratos comercializados somaram R$ 42,13 bilhões, valor que representa 20,7% acima dos R$ 34,91 bilhões de 2022.
Entre os tipos de aquisições, as de veículos leves lideraram, com 255,31 mil, seguidas de 207,24 mil de motocicletas, 105,35 mil de imóveis, 36,03 mil de veículos pesados, 26,17 mil de eletroeletrônicos e 7,44 mil de serviços.
Ainda de acordo com a associação, o volume de consorciados ativos também aumentou e vem apresentando crescimento constante desde janeiro do ano passado, não tendo sido registrada nenhuma retração nos últimos 14 meses.
Para o presidente-executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi, o aumento na adesão no modelo de consórcios é um reflexo de maior planejamento por parte do consumidor. “No primeiro bimestre, ficou, mais uma vez, evidenciada a maturidade do consumidor que planeja o futuro ao controlar suas finanças pessoais”, diz.
“Mesmo com os compromissos pessoais comuns na essa época, como as matrículas escolares e os impostos veiculares, os mais conscientes sobre educação financeira administraram seus orçamentos e continuaram aderindo aos consórcios, com o objetivo de adquirir bens e contratar serviços, sem decisões por impulso”, avalia.
FONTE: CORREIO DO ESTADO