Apenas nos três primeiros meses deste ano, já choveu 58,64% do volume total do ano passado. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Campo Grande choveu 1.213 milímetros no ano passado inteiro, já o acumulado de janeiro, fevereiro e março deste ano é de 706,2 mm.
Outro dado do Inmet mostra que o volume de chuvas nesta década já ultrapassou o total de precipitações da década passada.
De 2004 a 2013, o total de precipitação foi de 12.136,8 milímetros; em nove anos, de 2014 a 2022, o volume total de chuvas chegou a 12.196,6 mm.
Se somados os meses de janeiro, fevereiro e a primeira quinzena de março deste ano ao volume total dos últimos nove anos, o volume total desta década chegaria a 12.902,8 mm.
Isso tudo porque, apenas nos três primeiros meses deste ano, já choveu 706,2 mm, enquanto, em 2022, o primeiro trimestre registrou apenas 399,2 mm de chuvas, considerando todo o mês de março.
Em janeiro e fevereiro, o volume de chuvas superou o total esperado. No primeiro mês do ano, choveu 328,6 mm, enquanto o esperado era de 225,4 mm.
Já em fevereiro choveu 242,2 mm, e o total esperado era de 176,0 mm. Nos 15 primeiros dias de março já choveu 135,4 mm (este valor não contabiliza as chuvas registradas ontem), quase o total esperado para o mês, de 136,8 mm.
O volume de chuvas tende a aumentar ainda mais e ultrapassar os 12.902,8 mm nesta década, tendo em vista que a previsão para os próximos dias é de continuidade de chuvas.
De acordo com o Inmet, neste fim de semana, o céu continuará com bastante nuvens e pancadas de chuvas são esperadas principalmente à tarde e à noite.
O outono começará na segunda-feira, mas, como é uma estação de transição, continuará com as características do verão nos primeiros dias, pelo menos até quarta-feira.
A partir de quinta, o sol vai aparecer mais, mas chuvas isoladas ainda são esperadas, e, no fim do mês, a partir do dia 29, uma frente fria pode chegar ao Estado, o que aumenta o indicativo de chuvas.
A média de chuvas dos nove primeiros anos desta década foi de 1.355,18 mm por ano. Já na década passada, a média simples calculada foi de 1.213,68 mm por ano.
No entanto, o ano mais chuvoso dos últimos 20 anos foi 2013, que registrou um volume de 1.735,2 mm, ficando 202,2 mm acima da média histórica, que é de 1.533 mm. Em 2017, o total anual foi de 1.720 mm, sendo este o segundo ano com o maior índice de chuva das últimas duas décadas.
O ano mais seco dos últimos 20 anos foi 2011, com volume de chuva anual de 602,2 mm. Logo após, 2005 foi o segundo ano mais seco, com 604,4 mm de chuvas registrados. Nesta década, o ano mais seco foi 2018, que registrou o total de 876,0 mm de chuva.
ESTADO
De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), em outras cidades do Estado também houve um aumento do volume de chuvas.
Ponta Porã teve o maior volume pluviométrico, com 950,8 mm registrados de janeiro a 15 de março, enquanto de janeiro a 31 de março de 2022 o volume total foi de apenas 531,6 mm.
Avaliando os mesmos períodos, Água Clara registrou 808,6 mm este ano e 533,4 mm em 2022. Três Lagoas teve volume total de 795,2 mm de chuvas neste ano, enquanto em 2022 o total registrado foi de 342,4 mm.
Dourados também notificou aumento, neste ano, foram 715,4 mm acumulados até o dia 15 de março, e, de janeiro a março do ano passado, foi notificado um volume de 488,6 mm.
Segundo o Cemtec-MS, grande parte dos municípios monitorados no Estado apresenta chuvas acima da média histórica para o mês de março.
Em 15 dias choveu 284,6 mm em Água Clara, enquanto a média histórica é de 174,0 mm. Em Três Lagoas, choveu 182,8 na primeira quinzena deste mês, ultrapassando a média histórica de 133,2 mm.
Campo Grande e Bonito estão entre as cidades monitoradas que ainda não ultrapassaram a média histórica. A Capital registrou 135,4 mm de chuvas, enquanto a média histórica é de 151,2 mm, e Bonito teve volume acumulado de 58,6 mm, e a média histórica é de 133,7 mm.
MOTIVOS
Vinicius Sperling, meteorologista do Cemtec-MS, comenta que uma das causas do aumento de chuvas neste ano é o bloqueio atmosférico em que boa parte do Estado se encontra.
“As massas de ar mais frias e mais secas não estão entrando, então, a gente está dentro de uma massa de ar úmida”, aponta.
“Com isso, a gente tem um fluxo de calor e de alta umidade em direção a Mato Grosso do Sul. Aliado a isso, a gente está tendo a passagem de cavados e sistemas de baixa pressão atmosférica. Ou seja, eles favorecem a formação de nuvens e chuvas”, completa o meteorologista.
Esses sistemas estão ocorrendo com mais frequência este ano, segundo o meteorologista, por conta da variabilidade do clima.
SAIBA
Nesta quinta-feira, uma forte chuva caiu em alguns pontos de Campo Grande, o que foi suficiente para trazer novos transtornos e alagamentos para algumas regiões. No Bairro Chácara dos Poderes, moradores reclamaram novamente de ficarem ilhados em razão dos alagamentos no local.
Segundo residente da região, apesar de as máquinas da prefeitura da Capital estarem no bairro desde o início desta semana, em função de uma cratera que se abriu em uma das vias do bairro no sábado, “quanto mais mexem, parece que fica pior”. Além do Chácara dos Poderes, no Jardim Jockey Club, a reportagem flagrou ruas alagadas e moradores desesperados.
(Colaborou Alison Silva)
FONTE: CORREIO DO ESTADO