As chuvas em excesso neste início de ano têm atrasado a colheita de soja em Mato Grosso do Sul. Dos 3,8 milhões de hectares plantados, apenas 2 milhões haviam sido colhidos até ontem (13), conforme informações da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS).
O volume indica que, até esta segunda-feira (13), 54% da lavoura plantada havia sido colhida, ou 2,074 milhões de hectares. A expectativa é de que a Aprosoja-MS detalhe ainda mais o atraso na colheita.
Por enquanto, ainda não se falou em perdas na produção, mas o risco de atraso no plantio da safrinha, que pode prejudicar a produção de milho, já é contabilizado pelos produtores rurais.
O maior atraso na colheita de soja está justamente na região central de Mato Grosso do Sul, onde as chuvas têm sido mais intensas justamente na época da colheita.
A região norte está com a colheita mais avançada, com média de 58,5%. A região sul está com 56,3%, e a região centro apresenta a média de 43,8%.
Chuvas
Ainda não há previsão para a chuva dar trégua ao produtor agrícola em Mato Grosso do Sul, o que pode intensificar o atraso na colheita da soja.
De acordo com dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima do Estado de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), o acumulado de chuvas até ontem já havia ultrapassado a quantidade registrada no ano passado – apenas em Maracaju, um dos principais municípios com plantações de soja do Estado, o registro já é de 676,6 mm neste ano. No mesmo período de 2022, as chuvas acumularam 402,6 mm.
Na cidade de Ponta Porã, que também tem uma produção significativa de soja, sobretudo nas imediações do Assentamento Itamarati, o volume de chuvas está muito expressivo neste ano: 914 mm.
Em Dourados, choveu 617,8 mm até então; em Sidrolândia, já foram registrados 515,6 mm; em São Gabriel do Oeste, 856 mm; e em Corumbá, 569,2 mm. Todos os registros ultrapassam o acumulado no mesmo período do ano passado.
O início de 2022, na verdade, foi marcado por períodos de seca, com registros de chuvas significativamente abaixo da média histórica em janeiro e fevereiro.
Em Maracaju, por exemplo, em fevereiro de 2022, o registro de chuvas ficou 48,5% abaixo da média histórica, enquanto em fevereiro deste ano as chuvas ficaram 102% acima da média histórica na região.
Impactos
A preocupação principal sobre o atraso na colheita é o desenvolvimento da cultura do milho em algumas regiões do Estado. O plantio do milho coincide com a época do ano em que outros fatores climáticos ainda podem ocorrer, como estiagem, geadas e quedas de granizo em algumas regiões de Mato Grosso do Sul.
O momento é de alerta ao produtor, uma vez que a previsão do tempo para a semana que vem continua a marcar tempo instável, com grandes volumes de chuvas.
Situação das lavouras
Mesmo sem previsão de estiagem nos últimos dados divulgados pelo boletim do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga-MS), a maioria das lavouras encontra-se em boas condições.
O acompanhamento fenológico da soja em Mato Grosso do Sul mostrou que 93% das lavouras apresentam bom estado, enquanto os 7% restantes encontram-se em estado regular.
A expectativa é também de crescimento na safra, mesmo com os contratempos climáticos. O boletim mostra que é esperado crescimento de 2,5% em relação ao ciclo passado. A área plantada deve atingir 3,842 milhões de hectares.
A produtividade estimada ainda deve superar a média estadual de 54 sacas por hectare. Assim, a expectativa de produção é de 13,378 milhões de toneladas em 2023.
No caso do milho, a estimativa para o ciclo de 2022/2023 é de 2,325 milhões de hectares de área plantada. Esse número representa um aumento de 5,4% (5,39%) em relação à área da segunda safra do ciclo passado.
Além disso, a produtividade estimada é de 80,33 sacas por hectare, ou seja, uma expectativa de produção de 11,206 milhões de toneladas de milho no ciclo 2022/2023.
FONTE: CORREIO DO ESTADO