Liberdade, protestos e pedido de prisão marcaram o dia de ontem (23) e deram visibilidade novamente ao caso da morte do motorista de aplicativo e comerciante Rafael Baron, de 24 anos, morto em maio por Igor César de Lima, de 22 anos, por um motivo fútil: Igor ficou com ciúmes da esposa, que conversou com a vítima durante uma corrida.
De acordo com os autos do processo de homicídio qualificado, ao qual o suspeito responde, ele já é considerado “evadido”, ou seja, fugitivo do sistema penal, por não comparecer ao Estabelecimento Penal do Regime Aberto e Casa do Albergado de Campo Grande, na noite de ontem. O homem também não foi encontrado pelo oficial de justiça em nenhum endereço relacionado.
Igor foi preso depois que de se entregar como assassino confesso de Rafael, três dias depois do crime. Ele ficou detido por conta de um mandado de prisão em aberto por um crime de roubo de celular cometido em julho de 2015, mas uma ordem de liberação, por progressão de regime, foi expedida e passou a valer desde o último dia 16. O pedido foi expedido pela 2ª Vara de Execução Penal pelo juiz Albino Coimbra Neto, após manifestação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
Com isso, Igor foi liberado e visto por um amigo da esposa de Rafael, na manhã de ontem, na Avenida Júlio de Castilho. O caso gerou protesto e uma carreata na Avenida Afonso Pena, demonstrando a insatisfação dos motoristas de aplicativo com a soltura do assassino de um colega. Surpresa com a soltura, a mulher se sentiu menosprezada diante da decisão judicial. Ela ligou para um advogado e confirmou a progressão de regime.“Ele está solto vivendo a vida dele; a família dele deve estar feliz, enquanto a minha chora todos os dias”, disse ela ao Correio do Estado. “Eu senti como a vida de uma forma não tivesse valido nada; uma injustiça”, completou.
ERROS E CORREÇÕES
Igor já tinha cumprido parte da pena do crime de roubo e na época do assassinato do motorista estava foragido do sistema semiaberto. O problema é que o novo crime cometido não foi anexado no anterior, o que fez que o juiz responsável concedesse o progressão do regime semiaberto para o aberto. Além disso, durante o andamento do processo de homicídio qualificado, o MPMS e a Polícia Civil não pediram pela prisão do suspeito pelo crime contra Rafael Baron.
Mas ontem mesmo, poucas horas depois de protesto de motoristas de aplicativo, Coimbra determinou pelo retorno à prisão de Igor para o regime semiaberto. Magistrado que determinou a progressão da pena afirmou, em despacho na tarde desta quinta-feira (23), que não havia qualquer informação sobre o acusado também ser suspeito do assassinato do motorista de aplicativo e que apenas após o clamor popular tomou conhecimento de que ele cometeu novo crime.
Com todo o protesto e alta divulgação do caso, o MPMS se manifestou pedindo a prisão preventiva do suspeito, que se encontra foragido.
O DIA DO CRIME
Igor chamou o serviço de Rafael por aplicativo, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leblon, onde havia levado a esposa que passou mal – Na época ela estava grávida de quatro semanas. Polícia Civil informou que a vítima era motorista de Uber, mas assessoria de imprensa da empresa informou que ele não tem cadastro na plataforma.
A mulher havia sofrido um acidente de moto e estava com uma tipóia no braço. Então, Rafael teria feito perguntas sobre o acidente, motivo pelo qual Igor teria ficado enciumado e mudado de atitude durante o trajeto, como contou a moça ao delegado. O suspeito estava no banco do passageiro e a esposa na parte de trás.
Ao chegar no condomínio Reinaldo Buzanneli, no bairro Campo Nobre, Igor desceu rapidamente do carro e pulou a janela da casa onde mora, no mesmo momento em que a esposa ficou pagando a corrida. Ela disse ter visto o marido entrando da forma estranha e depois saindo com a arma na mão. Rafael estava aguardando pelo dinheiro da corrida, quando foi atingido à queima roupa no braço e no pescoço. Nesse momento, a vítima, que estava em um veículo Gol, teria tentado fugir, mas bateu em dois veículos estacionados e um princípio de incêndio se iniciou.
RENDIÇÃO
Três dias depois do crime, Igor se apresentou na delegacia junto com um advogado. “Ele disse que o comportamento do rapaz [vítima] foi inapropriado e suficiente para ele perder o controle. Chegando no apartamento, ele correu, pegou a arma de fogo e foi lá e efetuou os disparos. Ele disse que não deu mais disparos porque tinha apenas duas munições”, explicou o delegado Ricardo Meirelles, responsável pelo caso. Igor foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, com recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Ele permaneceu preso por conta de uma ordem de prisão em aberto pelo roubo de 2015.
FONTE: CORREIO DO ESTADO