O mercado do boi no Brasil ficou travado por causa da suspeita de um caso da doença do “mal da vaca louca” no Estado do Pará. O caso foi confirmado no Brasil, e agora será submetido a uma contraprova no Canadá.

Enquanto isso, os embates ficam suspensos no Brasil, pois sempre que há um registro de casos como estes no País, o embargo de exportações é automático. Autoridades afirmam que o caso é isolado, e que o animal contaminado é um animal idoso.

Em Mato Grosso do Sul, conforme Jaime Verruck, titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) declarou ao Correio do Estado, a possibilidade de casos da doença está descartada.

Exportações

Casos da doença na forma “atípica”, como a verificada no Pará, quando a enfermidade é espontânea em animais mais velhos, podem impedir temporariamente as exportações de carne bovina para a China, o principal mercado, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

De acordo com eles, os preços da arroba ainda estão estáveis no mercado físico, com tendência de queda caso seja confirmada a ocorrência da doença, mas as cotações futuras já recuaram quase 3% na B3.

O Ministério da Agricultura informou em nota na segunda-feira (20) que estava investigando um caso suspeito de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), conhecida como “mal da vaca louca”.

Nestas situações, a confirmação final é feita pelo laboratório da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) no Canadá. Segundo o ministério, ainda não há previsão de retorno das análises.

“Existe um protocolo entre Brasil e China que faz com que o Brasil aplique um autoembargo para carne bovina aos chineses caso seja confirmada a vaca louca atípica, que surge espontaneamente em animais mais velhos – e é o que está sendo investigado”, disse o head de Agro, Alimentos e Bebidas da XP, Leonardo Alencar.

“Então, a indústria fica em compasso de espera, enquanto não tiver a confirmação do caso no Pará, não vai comprar principalmente o ‘boi China’ porque corre o risco de uma paralisação nas exportações”, acrescentou.

Não havia imediatamente informações sobre quais unidades frigoríficas estavam com operações paradas, em um mercado operado por gigantes como JBS, Marfrig e Minerva. As empresas não se manifestaram de imediato.

Boi China

O ‘boi China’ é um animal com idade inferior a 30 meses no momento do abate e no máximo quatro dentes incisivos permanentes, uma especificação sanitária dos chineses que compram a carne somente vinda deste tipo de gado, cujo preço tem um prêmio em relação ao valor convencional da arroba.

Na mesma linha, o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, disse que os abates que estavam programados não estão sendo realizados nos frigoríficos.

Abates no país todo estão sendo suspensos desde a suspeita da doença. As boiadas que estavam agendadas saíram da programação. Não estão abatendo boi até que o resultado seja anunciado”, afirmou.

O analista da Safras & Mercado Fernando Iglesias também disse que, nesta quarta-feira, “grande parte das indústrias frigoríficas sequer divulgou preços para a arroba, outras simplesmente suspenderam abates em todo o Brasil”.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO