O registro da cepa do vírus H5N1, da gripe aviária, a cerca de 1 mil km de Corumbá representa em alerta para a doença poder entrar no Brasil por Mato Grosso do Sul.

No município sul-mato-grossense fica o principal porto seco do Centro-Oeste, com volume de carga que movimenta 400 caminhões por dia, em média, envolvendo importação e exportação entre os dois países.

Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Inocuidade Alimentar (Senasag), órgão boliviano, emitiu alerta sobre o registro da doença em aves no município de Sacaba, departamento de Cochabamba, neste mês.

No Estado, reunião marcada para as 9h desta quinta-feira (16) com autoridades de diferentes órgãos deve definir protocolos de ação e medidas para intensificar a fiscalização nas fronteiras, principalmente entre Brasil e Bolívia, a partir do porto seco.

Nesse encontro, que será no formato híbrido para envolver autoridades em Campo Grande, Corumbá, Ponta Porã, vão participar representantes das secretarias de Saúde, do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), do Conselho Federal de Medicina Veterinária, além de fiscais da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

Os debates sobre medidas para criar uma barreira sanitária em Mato Grosso do Sul vem ocorrendo desde o começo da semana, com reuniões entre diferentes instituições.

O próprio governo do Estado com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) discutiram medidas que podem ser aplicadas de cunho orientativo já a partir de agora.

A Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul (SFA/MS), que tem unidade em Corumbá, vai atuar em conjunto com fiscais da Iagro a partir desta quinta-feira (16) tanto no Posto Esdras, como o Buraco das Piranhas, onde fica uma base da Polícia Militar Ambiental.

“A notificação de foco da doença em Cochabamba, na Bolívia, acendeu a luz de alerta para todo o nosso país. Vamos tomar todas as medidas necessárias para manter o Mato Grosso do Sul como área livre (da gripe aviária)”, afirmou o titular da Semadesc, Jaime Verruck.

O desafio das autoridades é garantir que o país permaneça com o reconhecimento internacional de área livre de gripe aviária.

“Fomos cercados pela presença da doença na Venezuela, Colômbia, Bolívia. Para mantermos esse status é necessário informar corretamente os produtores rurais e a população em geral sobre a doença e intensificar a fiscalização para barrar a entrada de aves”, afirmou o superintendente da SFA/MS, Celso Martins.

Além da Bolívia, outro país fronteiriço que notificou caso de gripe aviária é o Uruguai. O primeiro registro foi divulgado nesta quarta-feira (15).

A ocorrência estaria a cerca de 180 km da fronteira com o Brasil. Aves migratórias teriam trazido o vírus para o território uruguaio, conforme as autoridades daquele país divulgaram em comunicado oficial.

Na Argentina, na província de Jujuy, há investigação para verificar se uma ave selvagem estava com a gripe aviária. Essa localidade está a uma distância de cerca de 360 km do sul da Bolívia e representa uma rota de transporte entre Santa Cruz de la Sierra e o norte argentino.

A gripe aviária atinge tanto aves domésticas como silvestres, com alto nível de contágio. A atual cepa que está sendo encontrada na América do Sul apresenta-se como de alta letalidade.

De acordo com o governo estadual, a doença não é transmitida pelo consumo de carne ou ovos, mas humanos podem ser contaminados.

O Mapa detalhou que o período de migração de aves do Hemisfério Norte para a América do Sul influencia nessa transmissão. Essa migração ocorre entre novembro e abril.

A exportação de carne de aves e suas miudezas representou 4,1% da balança comercial de Mato Grosso do Sul. Em 2022, esse setor movimentou US$ 339 milhões, valor 8,29% superior ao registrado no ano anterior, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Fonte: Correio do Estado