Os relatórios da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) mostram defasagem de R$ 0,29, ou 10%, nos preços da gasolina ante os valores do mercado internacional. No óleo diesel, a defasagem é maior e chega a R$ 0,64, ou 17%.
Ao mesmo tempo, os relatórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que a gasolina, em Mato Grosso do Sul, desponta com tendência de alta e o óleo diesel segue caminho oposto.
A explicação vem do cenário internacional: a queda do dólar e das commodities no mercado internacional, o que permitiu a abertura da janela de importação de combustíveis, principalmente do diesel.
O diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, acredita que, como os preços internacionais do barril de petróleo estão momentaneamente mais baixos, a Petrobras poderá reduzi-los.
No entanto, ele frisou que houve outras oportunidades com este cenário, mas aconteceu o inverso.
“Às vezes, a Petrobras age desta forma com o intuito de compensar situações de cenários anteriores”, analisa.
Quando questionado sobre a situação de Mato Grosso do Sul, cujo cenário é de gangorra de preços, Lazarotto detalhou que a gasolina já baixou mais e agora voltou a subir um pouco. Já em relação ao diesel, no momento, o que se vê é uma queda de preços em Campo Grande.
“Quanto aos preços no Estado, como o mercado é livre para distribuidoras e postos, pode estar havendo uma acirrada disputa de mercado, livre concorrência”, acrescenta.
Entretanto, quando a análise envolve possível elevação de alíquotas de impostos, Lazorotto enfatiza que no Sinpetro-MS não há a informação se mudará ou não. “Se mexerem no imposto, o preço se altera para mais ou para menos”, completa.
PESQUISA
Pesquisa de preços em 23 postos em Mato Grosso do Sul feita pela ANP nas primeiras cinco semanas do ano mostra que, no caso da gasolina, o ano começou com o litro do combustível custando R$ 4,75, depois caiu para R$ 4,72 e, ainda, R$ 4,71.
No entanto, nas duas últimas semanas o preço subiu para R$ 4,77 e depois saltou para R$ 4,83. No óleo diesel, o litro começou o ano sendo comercializado a R$ 6,32, caindo para R$ 6,23. Na terceira semana, o diesel se eleva para R$ 6,33, depois cai para R$ 6,27 e agora R$ 6,19.
Já o óleo diesel tipo S10 começou o ano com o litro valendo R$ 6,41, caindo para R$ 6,38, depois subiu para R$ 6,45, caiu para R$ 6,37 e agora está em R$ 6,28.
O presidente da Abicom, Sérgio Araújo, informou que a queda do dólar e das commodities no mercado internacional provocou a abertura da janela de importação de combustíveis, com destaque para o diesel.
O preço subiu 16%, e para equiparar ao mercado externo a Petrobras poderia reduzir o litro do diesel em R$ 0,60, de acordo com os cálculos da Abicom.
No caso da Refinaria de Mataripe, na Bahia, que tem feito reajustes semanais no preço da gasolina e do diesel desde que foi vendida pela Petrobras, no fim de 2021, a defasagem do diesel caiu para 14%, mas permanece alta.
Em outro cenário, o da gasolina, o preço está mais alinhado com o mercado internacional. Isso porque na semana passada a defasagem era positiva em 6% em todos os polos de referência do País.
EQUIPARAÇÃO
Neste caso, para equiparar com os preços externos seria possível um aumento de R$ 0,18 por litro da gasolina em todas as refinarias. O último reajuste da gasolina pela Petrobras ocorreu em 25 de janeiro, com uma alta de 7,5%, e do diesel no dia 7 de dezembro de 2022, ou há 59 dias, com queda de 8,12%.
Com a mudança na gestão da Petrobras este ano, que desde o dia 26 de janeiro tem como presidente o ex-senador e especialista no setor de óleo e gás Jean Paul Prates, a dúvida do mercado é de como ficará a política de preços da companhia, baseada na equiparação dos preços internos aos preços de paridade de importação (PPI).
Jean Paul Prates afirmou que não intervirá na política de preços da companhia, que continuará tendo como referência o mercado internacional, e que o preço dos combustíveis no Brasil é uma questão de governo.
O ex-senador aposta na criação de uma conta de estabilização de preços, cujo projeto de lei foi relatado por ele no Senado no ano passado e visa amortecer grandes altas ou quedas. Prates também já informou que pretende implantar uma política de preços regionalizados na estatal, mas ainda não divulgou detalhes.
FONTE: CORREIO DO ESTADO