Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou hoje (4) que houve um desmonte na área ambiental, nos últimos quatro anos, e que está sendo realizado um grande esforço para retomar políticas de proteção para o setor.
Ela participou, neste sábado, da 13ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), que este ano acontece no Rio de Janeiro, no prédio da Fundição Progresso, nos Arcos da Lapa.
“Na área ambiental tivemos um apagão, um desmonte, de quatro anos. Estamos fazendo agora o esforço, de forma transversal, para restabelecer políticas pública e criar outras”, disse.
Ela acrescentou que o “Brasil tem um grande potencial de juntar economia e ecologia numa mesma equação”.
“Combater o que não deve ser feito, mas colocar no lugar aquilo que pode ser feito. O Brasil, que é uma potência florestal, também pode ser uma potência agrícola de baixo carbono. Ser uma potência em segurança energética, com a produção do hidrogênio verde. Temos condição de ter uma matriz energética limpa e diversificada”, ressaltou a ministra, antes de subir ao palco principal onde se encontrou com centenas de estudantes.
Marina também adiantou que o governo federal está tomando diversas medidas para a proteção dos povos indígenas, principalmente os yanomamis, ameaçados por fome e doenças causadas pela exploração de garimpos ilegais em suas terras.
“O governo já restabeleceu o plano de prevenção e controle do desmatamento nos biomas brasileiros, começando, prioritariamente, na Amazônia e no cerrado e, mais focadamente, nas terras indígenas. Temos três casos emblemáticos, que é o povo yanomami, os mundurukus e o povo caiapó. Mas essa realidade se estende em vários estados e regiões da Amazônia. São ações de combate à criminalidade, de ordenamento territorial e fundiário, para que o Brasil se aproprie daquilo que é seu”, disse.
Ela revelou que existem cerca de 2 mil pistas de pouso clandestina na região amazônica, o que facilita as ações do crime contra o ambiente e as comunidades indígenas.
“Hoje temos um descontrole aéreo na Amazônia. São mais de 2 mil pistas clandestinas que o Estado brasileiro tem que pôr um ponto final nessa forma criminosa de se assenhorar das comunidades e tornar elas reféns do tráfico de drogas, do tráfico de armas, da grilagem e da violência. Inclusive violência contra as mulheres indígenas, crianças e adolescentes”, afirmou.
Bienal da UNE
Durante a 13ª edição do evento, especialistas apontaram que, a disputa política que visa barrar a extrema-direita no país passa pela comunicação e as redes sociais.
“A disputa que está em curso é a de narrativas. Infelizmente, a nossa democracia corre riscos, sim. E a gente precisa, para enfrentar esse debate, entender isso”, argumentou o deputado federal André Janones (Avante-MG).
O deputado acrescentou que “nada é mais essencial do que a comunicação, que é um tema transversal, que trabalha e toca nas emoções das pessoas”.
“Os nossos estudantes estão antenados para isso. É a juventude, também através das redes sociais, que vai fortalecer a comunicação para a gente vencer essa batalha”, acrescentou o deputado.
Visão semelhante tem a jornalista e pesquisadora em comunicação Renata Mielli, ex-coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Para ela, a derrota do bolsonarismo nas urnas não significa o fim do extremismo político.
“No dia 30 de outubro, a gente derrotou o Bolsonaro, mas nós não derrotamos a extrema-direita no Brasil. E qualquer discussão que a gente tenha que fazer hoje sobre comunicação, economia ou infraestrutura, tem que partir desta realidade. É neste conceito que a gente tem que entender o debate da comunicação hoje. Porque nós não derrotamos uma extrema-direita que tomou conta dos corações e mentes de uma grande parcela da população do nosso país”, advertiu Renata.
Segundo Renata Mielli, é necessário investimento no sistema público de comunicação: “Garantir a complementariedade do sistema público, privado e estatal, previsto na Constituição. Fortalecer a Empresa Brasil de Comunicação. Precisamos fortalecer a comunicação pública em nosso país. Fortalecer as rádios comunitárias, a mídia alternativa. A comunicação é um direito”.
Infraestrutura
Para o historiador e youtuber Jones Manoel, que também participou do debate, é preciso pensar e investir em um sistema de informática e comunicação nacional, que torne o país independente dos grandes conglomerados digitais estrangeiros, que atualmente decidem e modulam, por algoritmos próprios, o discurso nas redes.
“Um programa de comunicação em que a infraestrutura técnica, o processamento e a posse dos dados fiquem no Brasil, a partir de um controle democrático com protagonismo de empresas públicas”, defendeu.
Ele acrescentou que o acesso à internet gera informações que são processadas por empresas estrangeiras.
“Toda vez que a gente acessa a internet, está produzindo bilhões de dados, sobre gostos, tendências comerciais e políticas. Isso não pode ser processado por empresas estrangeiras, à serviço de outros governos”, disse Jones.
Fonte: Correio do Estado