O impasse sobre o espaço que o PT vai ocupar na gestão do governador eleito Eduardo Riedel (PSDB) continua e deve se prolongar, pelo menos, até a próxima semana, quando serão anunciados os nomes que ainda faltam para compor o secretariado do futuro governo.
Ainda está em aberto a Secretaria de Estado de Educação (SED), porém, essa já tem como cotado o ex-ministro da Educação no governo de Michel Temer (MDB), Rossieli Soares (PSDB), que na campanha para deputado federal por São Paulo deste ano foi acusado de fazer uso da estrutura do estado para angariar capital político, fato que pode acabar por inviabilizar o seu nome, bem como as secretarias de Estado de Direitos Humanos e Assistência Social (Sedhas) e a de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (Setescc).
O deputado estadual reeleito Pedro Kemp (PT) confirmou ao Correio do Estado que foi ofertado ao partido oito secretarias executivas, que incluem a de Agricultura Familiar, Povos Originários e Comunidades Tradicionais e a de Qualificação Profissional e Trabalho, bem como a Superintendência de Produção, Agricultura e Pecuária e mais o comando da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).
No entanto, a legenda não aceitou porque entende que essas oito secretarias executivas não têm orçamento próprio, o que inviabilizaria o trabalho de quem for assumi-las.
Por isso, nesta sexta-feira, o deputado federal reeleito Vander Loubet (PT-MS) reúne-se com Eduardo Riedel para tentar fechar o acordo em troca de os três parlamentares da sigla integrarem a composição da base de sustentação do futuro governo na Assembleia Legislativa nos próximos quatro anos.
O parlamentar vai apresentar a contraproposta do PT, reivindicando o comando da Setescc, que ainda mantém o comando da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (Fundação de Cultura), da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur) e da Fundação de Desportos e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte).
Além disso, a Setescc contará ainda com a Assessoria Especial da Defesa e Proteção da Vida Animal e as superintendências de Economia Criativa e Políticas Integradas e a de Administração, bem como as subsecretarias de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, para a Pessoa Idosa, para as Mulheres, para as Populações Indígenas, para a Juventude, para as LGBTQIA+, para os Assuntos Comunitários e para as Pessoas com Deficiência.
Divergência
Já o deputado estadual eleito Zeca do PT reforçou ao Correio do Estado que o partido não gostou de ser lembrado apenas para ocupar secretarias executivas, cargos que não são considerados substanciais, o que coloca em dúvida o apoio da bancada petista ao governo Riedel na Assembleia Legislativa.
“Eu sou totalmente contra a essa proposta feita pelo governador eleito, pois queremos uma secretaria de Estado completa, como a Setescc, por exemplo”, sugeriu.
Zeca do PT completou que, se não tivermos uma Pasta completa, na sua opinião, o governador eleito está desconsiderando o discurso verdadeiro de que foram os votos do PT quem deram a vitória para ele no 2º turno das eleições. “Não foram os votos dos fazendeiros e da elite, pois esses votaram contra o PSDB”, declarou, completando que se o partido resolver aceitar essas “migalhas” ficará independente na Assembleia Legislativa.
No início desta semana, o ex-governador já tinha considerado desprezo anunciar praticamente toda a equipe do primeiro escalão e não contemplar o PT.
“Classifico como um preconceito político, ideológico e social contra o nosso partido, mesmo dizendo que reconhece a importância que a legenda teve na eleição dele no 2º turno. Se não fosse o PT, o Riedel não seria o governador diplomado na noite de segunda-feira [19/12]”, assegurou.
Ele revelou que disse pessoalmente ao governador eleito que ou ele contemplava o PT com uma proposta decente e de respeito para levar o partido para dentro do governo dele ou então a bancada vai ficar independente, votando a favor daquilo que considerar importante e não votando naquilo que considerar sem importância ou equivocado, como tem de ser.
“Sinceramente, eu considero até melhor que fique assim, mas vamos ver o que vai acontecer nos próximos dias. Mas, sinceramente, não me sinto contemplado”, assegurou.
Nomes técnicos
Questionado na terça-feira (20/12) sobre o porquê de não ter ainda contemplado os partidos aliados, como PT e PP no seu secretariado, Eduardo Riedel negou que esteja tendo qualquer tipo de dificuldade para a escolha do seu secretariado.
“Trata-se de um processo em que estou buscando formar um time mais diligente possível para gerar o resultado que queremos para Mato Grosso do Sul. A conversa com os partidos aliados está se dando de maneira muito natural e com muita compreensão dos nossos objetivos”, assegurou.
Ele completou ainda que os partidos aliados serão contemplados porque o governo tem ao longo da sua estrutura setores centrais sob condução de pessoas que conhecem muito bem cada dimensão da sua área de atuação para que possam indicar pessoas também com critério técnico e com responsabilidade para integrar a política pública.
“Não vejo nenhuma dificuldade de discussão com os partidos aliados sobre espaço na minha gestão, pelo contrário, diversas áreas estão sendo tratadas com os secretários já escolhidos”, garantiu.
Fonte: Correio do Estado