Inaugurado no dia 28 de março e aberto para visitação em maio deste ano, o Bioparque Pantanal já ajudou a reproduzir 27 espécies de peixes em oito meses de funcionamento.
Contando com 330 espécies de animais e aproximadamente 40 mil peixes, o maior aquário de água doce do mundo criou o Centro de Conservação de Peixes Neotropicais (CCPN).
O principal objetivo do centro é apresentar soluções aos problemas ambientais de conservação de espécies. O Bioparque Pantanal desenvolve protocolos e aplica técnicas de reprodução para obter resultados positivos.
O centro atenta-se às espécies enquadradas em elevado risco de extinção ou potenciais espécies ameaçadas, junto de um cuidado na conservação, bem-estar animal e pesquisa.
“O Bioparque Pantanal está alinhado ao moderno conceito de aquários do século 21, alicerçado pelo tripé da pesquisa, conservação e educação ambiental. A criação do CCPN vem como um importante espaço voltado a estudos técnicos científicos, tendo foco especial em espécies ameaçadas ou em potencial ameaça de extinção, como os cascudos”, declarou Maria Fernanda Balestieri, diretora-geral do Bioparque Pantanal.
O CCPN é o primeiro centro de reprodução de cascudos ornamentais do mundo. Entre os destaques está o cascudo-viola, de nome científico Loricaria coximensis, espécie pantaneira ameaçada de extinção e que atualmente pode ser vista no tanque Ressurgência.
O peixe cascudo-viola (Loricaria coximensis) é ameaçado na natureza pela presença de hidrelétricas, que interrompem o fluxo das águas, e pela sobrepesca. Ele mede apenas 9,6 centímetros de comprimento e vive apenas no Rio Coxim, na área de influência de uma pequena central hidrelétrica.
O primeiro registro de reprodução desta espécie em todo o mundo foi feito no Laboratório de Ictiologia do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que está dando continuidade ao trabalho no Bioparque Pantanal.
“Nós nos preocupamos com a manutenção de espécies, e para alcançarmos resultados tão positivos de reprodução contamos com profissionais atentos ao bem-estar animal, obedecendo a processos rigorosos para a formação do plantel”, explicou Maria Fernanda.
No centro, o objetivo do espaço é estudar como é o comportamento e a parte reprodutiva dos peixes e, com isso, criar políticas de conservação para a preservação de uma referida espécie potencial ameaçada de extinção.
REPRODUÇÃO
Em contato com especialistas para entender o funcionamento da reprodução por espécies de peixes em cativeiro, o professor de Biologia Fernando Carvalho explica que, de maneira geral, os peixes têm requisitos biológicos e ecológicos para reprodução.
“Cada espécie tem sua especificidade de temperatura da água, turbidez, pH, substrato, para citar alguns dos parâmetros físico-químicos. Muitas vezes não é possível replicar em cativeiro as condições ideais. No entanto, há espécies que não são tão exigentes quanto às condições ambientais e físico-químicas do ambiente e se reproduzem bem no ambiente artificial [tanques em cativeiro]”, salientou.
Sobre a importância da criação de um local adequado para estudos de reprodução de espécies e acompanhamento deste processo, o professor relata que a preservação dos animais na natureza é um dos principais fatores.
“A importância de conseguir acompanhar a reprodução de uma espécie em cativeiro é não precisarmos tirar esses animais da natureza para fins comerciais ou de exposição. Além de entender e acompanhar as etapas do desenvolvimento ontogenético da espécie”, declarou o biólogo Fernando Carvalho.
“O Bioparque é um grande espaço de estudos e pesquisas, com objetivo de contribuir com a ciência, principalmente, em relação à reprodução de espécies de peixes ameaçadas ou em potencial ameaça de extinção. Grandes exemplos são o cascudo-viola e o tetra da cauda vermelha, registros inéditos no mundo”, acrescentou a diretora-geral do Bioparque Pantanal.
PROJETOS
Além das visitações aos aquários e do trabalho na reprodução dos peixes ameaçados de extinção, o Bioparque conta com projetos voltados à educação ambiental.
O Núcleo de Educação Ambiental do Bioparque Pantanal (NEA) desenvolveu diversas atividades relacionadas à preservação ambiental, voltadas aos estudantes que visitam o espaço.
O NEA tem parceria com a Polícia Militar Ambiental (PMA), que esteve presente no local com o Projeto Florestinha. Crianças e adolescentes do projeto realizam trabalhos de educação ambiental com a demonstração de animais taxidermizados, vítimas de atropelamento e outros desastres.
O grupo explica aos estudantes que visitam o local sobre a importância de cada espécie e como preservá-la.
Outras atividades lúdicas, como a contação de histórias, foram desenvolvidas com crianças e adolescentes, com o objetivo de estimular a imaginação e a prática pedagógica voltada a questões ambientais.
Entre os temas que foram abordados estão o Dia da Consciência Negra, folclore, incêndio no Pantanal, acúmulo de lixo, cuidados com a água, Dia da Árvore e alimentação saudável.
FONTE: CORREIO DO ESTADO