Nos primeiros oito meses deste ano, foram abertas 6.610 empresas em Mato Grosso do Sul, de acordo com a Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems).
O número é recorde para o intervalo compreendido entre janeiro e agosto desde o início da série histórica da entidade, iniciada no ano 2000.
O resultado alcançado superou o recorde anterior, que foi registrado em 2021, quando no mesmo período 6.408 CNPJs foram registrados.
No comparativo diário, considerando que oito meses são 240 dias, são 27,4 empresas diariamente. Os dados da Jucems não consideram os microempreendedores individuais (MEIs).
Em 12 dias úteis de setembro de 2022, foram abertas 496 empresas, o número é 44,6% maior que o no mesmo período de 2021, quando foram abertas 343 empresas do dia 1º ao dia 16 de setembro.
Segundo os dados do mapa de empresas do governo federal, que consideram todos os CNPJs incluindo os MEIs, foram abertas 37.868 empresas no Estado, em que 36.374 matrizes e 1.494 filiais.
Entre as extinções foram 13.596 exclusões em 2022. Entre as empresas, sem considerar MEIs, foram 8.410, conforme os dados do governo federal.
Segundo o diretor-presidente da Jucems, Augusto César Ferreira de Castro, essa diferença existe porque, além da Junta Comercial, empreendedores usam também a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS) e os cartórios para a abertura de empresas.
“Existe essa diferença por causa dessa especificidade, porque existem outros canais de formalização. Na Junta Comercial, são abertas empresas mercantis, de preferência dos setores de serviços, comerciais e industrial”, explica.
Entre os setores, o líder em novos empreendimentos é o setor de serviços, com 4.477 empresas, seguido de 1.857 do comércio e 276 da indústria.
“A característica de MS sempre foi de ter um número maior de empresas de serviços, são 68% das empresas abertas neste período, o que está um pouco acima da média este ano, que fica entre 63% e no máximo 65%. Então a gente vê que até este mês o setor de serviços sobrepujou os demais setores”, explica Castro.
Segundo o doutor em economia Michel Constantino, a alta na abertura de empresas e a diminuição do tempo para ter um CNPJ em mãos são em decorrência da legislação que promove o ambiente de negócios.
“A lei da liberdade econômica criada pelo governo federal e implantada em Mato Grosso do Sul possibilitou a revogação de vários documentos [alvarás e normas] que atrapalhavam a abertura de empresas e dificultava o tempo de abertura , principalmente de pequenos negócios”, relata.
Castro comenta que o ponto de mudança para a abertura de negócios em MS f oi a digitalização do processo junto ao órgão desde 2019.
“Essa ferramenta facilitou muito a vida do empreendedor e proporcionou aumento que podemos ver principalmente no setor de serviços. Com a situação de pandemia, a nossa base não ficou tão comprometida e o resultado é crescente, mês a mês, desde o ano 2000”, revela.
MAPA
Dados do Ministério da Economia apontam que, de janeiro de 2020 até agosto deste ano, foram abertas 32.136 empresas em Mato Grosso do Sul, sem considerar os microempreendedores individuais. O tempo para abrir uma empresa no Estado é de 22 horas.
Em nível nacional, o País possui 20,1 milhões de empresas ativas. Segundo dados da pesquisa, o tempo médio para abertura de empresas no Brasil é de 23 horas, e, das 368 mil empresas que foram abertas em agosto/2022, 71,1% precisaram de menos de um dia para serem finalizadas.
Somado a isso, o cenário de instabilidade provocado pela pandemia e os conflitos internacionais nos últimos dois anos criaram um momento de necessidade do empreender.
Mestre em economia, Eugênio Pavão pondera que há pontos negativos na retomada econômica. “Temos o retorno de diversas atividades formais, que ‘renasceram’ com o pós-vacinação. Entretanto, parte da ocupação se deu no setor informal, com a renda dos consumidores não retornando ao patamar anterior à pandemia”.
Constantino acredita que o agronegócio e a perspectiva de alta no PIB em 2022 ajudam a promover a abertura de pequenos empreendimentos.
“Os números de abertura de empresas aumentaram muito se olhar o cenário de pandemia e guerra internacional. E isso se deu com a atração de investimentos e a abertura de grandes investimentos que puxam novas empresas”, resume.
FONTE: CORREIO DO ESTADO