O setor supermercadista apresentou expansão em Campo Grande em modalidade específica. De acordo com levantamento da Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (Amas), foram abertos nos últimos cinco anos 11 novos atacarejos em Campo Grande.

O número é alto, segundo a organização, levando em consideração o tamanho da Capital. Segundo especialistas consultados, a tendência é repetida Brasil afora, principalmente em cidades com regiões independentes, como é o caso de Campo Grande. A inflação também influencia na procura por opções mais baratas.

Para não perder consumidores, os supermercados precisam focar em públicos mais específicos e oferecer diferenciais, como sushi, cartas de vinho e frutas importadas, por exemplo.

Em estudo realizado pela Radar Scanntech Brasil foi revelado que, no mês de abril, o fluxo de consumidores em supermercados e atacarejos regionais voltou ao cenário pré-pandemia. A junção de atacado e varejo em um mesmo espaço é uma tendência em todo o País.

O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que a principal ideia do formato é aproveitar a questão geográfica. “Para se aproximar das regiões populosas e reduzir os altos custos da modalidade super/hipermercado, que dificultava as compras pela distância do mercado consumidor”, disse.

“Campo Grande representa um potencial importante para o setor, com grandes vazios urbanos sendo alocados para esse tipo de negócio, levando a modalidade atacarejo para as regiões distantes do Centro, mas bem povoadas”, explicou Pavão.

Ainda de acordo com o economista, há uma limitação para a ocupação do território com os formatos de comércio de alimentos.

“O limite do atacarejo será a ocupação do território municipal e a disponibilidade de infraestrutura, sendo esta estrutura um desafio para as redes de pequenos e médios mercados”.

A rede Fort Atacadista, por exemplo, já inaugurou duas novas lojas em Campo Grande neste ano.

SUPERMERCADOS

Segundo a Amas, Campo Grande tem 231 supermercados, sendo a inauguração da loja do Pão de Açúcar, realizada na sexta-feira, a única na Capital neste ano. Já Mato Grosso do Sul tinha até janeiro deste ano 1.124 supermercados.

O presidente da Amas, Denyson Prado, diz que, com o crescimento do número de atacarejos no Brasil, inclusive em municípios do interior, as lojas de supermercados e minimercados têm de se reinventar.

“A Amas entende que essas lojas precisam focar mais em atendimento, qualidade, sortimento e mix diferenciado, pois competir em preço com os atacarejos é difícil”, ressaltou.

Dados da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems) apontam que, nos primeiros seis meses deste ano, foram abertas 4.746 empresas no Estado. O diretor-presidente da Jucems, Augusto César Ferreira de Castro, diz que é possível notar uma expansão do segmento supermercadista/atacadista em MS.

“Creio que uma grande rede vem para fortalecer o segmento, o que sinaliza a questão do ambiente de negócios no Estado. Está bem consolidado, e a confiança dos empresários é possível de notar quando uma rede tão grande acredita no nosso mercado”, disse Castro.

Christiane Cruz Citrângulo, diretora de Operações do Pão de Açúcar, ressalta a boa localização da nova loja da rede.

“A gente acha que ela é muito estratégica e que a gente não poderia perder essa localização. Essa é uma loja que tem entrada aqui pela frente [Rua Maracaju] e entrada lá pelo fundo [Rua Antônio Maria Coelho]”.

Para ela, ainda há a oportunidade de reutilizar o espaço do segundo andar, com entrada para a Rua Antônio Maria Coelho. O estabelecimento em questão era um Extra Hipermercado.

“A gente fez a loja no térreo com a possibilidade de trazer novas lojas no piso de cima. Então, a gente vai conseguir valorizar muito um ponto que já é bem localizado e tem um estacionamento amplo”.

Conforme apurou o Correio do Estado, uma nova loja do Pão de Açúcar será instalada na Avenida Afonso Pena.

Denyson Prado diz que é possível enxergar um crescimento no número de supermercados. “Temos visto várias inaugurações acontecendo nos últimos anos. A rede é muito antiga, conhecida nacionalmente e uma das primeiras do ranking da Abras [Associação Brasileira de Supermercados], sendo muito fortes no quesito vendas”.

A rede Extra tinha duas lojas na Capital, sendo a primeira substituída pelo Pão de Açúcar, e a segunda vai se tornar um Assaí Atacadista, conforme fontes consultadas.

CONSUMO

O consumo nos lares mantém a trajetória de crescimento e acumula alta de 2,02% de janeiro a maio, resultado alinhado às projeções do setor supermercadista, que prevê crescimento de 2,80% no ano, aponta o indicador nacional de consumo da Abras.

Em comparação com abril, o mês de maio registrou queda de -3,47% no consumo. De acordo com análise da entidade, o recuo se deve, principalmente, ao impacto positivo e natural causado pela Páscoa no consumo e pelo reflexo da inflação nos alimentos, que reduz o poder de compra da população.

Na comparação com o mesmo período de 2021, o consumo teve alta de 0,39%. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A recuperação do emprego e a recuperação da renda, junto à necessidade de aquisição de alimentos, produtos de higiene e limpeza, etc., ajudam o crescimento do consumo”, concluiu Pavão.

O médico José Neder considera que é importante valorizar os mercados locais. “Sempre passo aqui [no antigo Extra] e, com as novas variedades e qualidade dos produtos, devo vir ainda mais vezes”.

4,7 MIL EMPRESAS ABERTAS

Dados da Junta Comercial apontam que, nos primeiros seis meses de 2022, foram abertas 4.746 empresas no Estado.

2,8% de crescimento

O setor supermercadista prevê crescimento de 2,80% neste ano, segundo a Associação Brasileira de Supermercados.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO