Os principais itens que estavam inflacionando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Campo Grande, os combustíveis, desaceleraram já no mês de junho. Conforme adiantado pelo Correio do Estado na edição do dia 7 de junho, a queda dos impostos e a consequente redução dos combustíveis impactam em arrefecimento da inflação.

O grupo transportes contribuiu com 0,13% do total da inflação da Capital no mês passado. Em março, o grupo inflacionava a 2,78%.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o subgrupo combustíveis teve redução de 1,55% em comparação com maio, e os principais responsáveis foram as reduções em gasolina e etanol, com quedas de 1,51% e 7,58%, respectivamente. O diesel contribuiu com 3% no mês.

Os primeiros impactos são percebidos após redução da pauta fiscal estadual e impostos federais zerados. Apesar de os dados já apontarem para uma primeira queda, o doutor em Economia Michel Constantino explica que é preciso cautela.

“Temos muitas incertezas ainda. Teremos esses efeitos [de baixa] do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] nos próximos meses e veremos uma inflação ainda alta, mas em desaceleração”, comentou.

Segundo ele, “a inflação anual prevista para esse ano pelo mercado a partir do relatório Focus está em 7,65%, contando com essa desaceleração”.

Na última revisão, o Boletim Focus projetava 8,27% de inflação para este ano.

A mudança mais visível para a inflação local deve ser sentida já neste mês. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) sancionou, com validade a partir de 1º de julho, a redução do ICMS da gasolina, do etanol, das telecomunicações e da energia elétrica.

Conforme publicação do Diário Oficial, Mato Grosso do Sul adota a cobrança de 17% sobre os serviços citados e mantém em 12% a alíquota sobre o óleo diesel e o gás de cozinha.

“Eu acredito que, com a redução do ICMS, os preços para o consumidor final devem ser reduzidos, impactando, assim, de uma forma positiva, para que contribuam com a redução dos preços e, consequentemente, com a redução da inflação. A inflação é uma cesta de produtos e serviços, e vários produtos que fazem parte dessa cesta são impactados principalmente por combustíveis, energia, etc.”, explica o economista Marcio Coutinho.

Constantino corrobora com a afirmação e projeta impactos mais efetivos para os próximos meses.

“Como estamos acompanhando em outros estados, a redução do ICMS reduziu os preços automaticamente. Com a adoção da alíquota nacional de 17% e a manutenção das demais abaixo, teremos nos próximos meses uma redução da inflação, não só dos transportes [combustíveis], como de outros produtos que usam combustíveis, gás e energia como insumos na produção”, explicou.

A energia elétrica é outro subitem que tem contribuído com a desaceleração da inflação. Os meses de maio, junho e julho permanecem com a bandeira tarifária verde, ou seja, não há cobranças extras na conta de luz.

E a partir deste mês, o ICMS da conta de energia também passa a incidir em 17%, independentemente da faixa de consumo.

IPCA

A inflação em Campo Grande seguiu de perto a média nacional e ficou em 0,64% em junho. De acordo com cálculo oficial, o IPCA, divulgado na sexta-feira, esse valor contribui para o acumulado de 12,08% nos últimos 12 meses. No ano, a variação é de 5,65%.

A média nacional do índice foi a 0,67%, com 11,89% no acumulado dos 12 meses anteriores. Os principais grupos que puxaram o indicador para cima foram: vestuário, com uma aceleração de 1,91%; saúde e cuidados pessoais, com 1,67%; habitação, com 1,22%; e despesas pessoais, com 0,48%.

Os demais grupos tiveram uma aceleração menos significativa, ficando na seguinte ordem: comunicação (0,43%); alimentação e bebidas (0,35%); educação (0,16%); e transportes (0,13%).

O relatório de mercado Focus trouxe o primeiro reflexo da queda da tributação. A projeção para o IPCA deste passou de 8,27% para 7,96%, já o de 2023 subiu de 4,91% para 5,01%. Há um mês, as estimativas eram de 8,89% e 4,39%, respectivamente.

O Banco Central voltou a publicar o Boletim Focus nesta sexta-feira, após nove semanas sem divulgação por causa da greve dos servidores, que terminou na terça-feira.

Ainda que haja redução nas projeções para este ano, a estimativa permanece acima do teto da meta (5%), sendo o segundo ano consecutivo de rompimento do limite.

0,06% é a projeção da inflação para julho

O mercado financeiro já aponta para impacto direto da redução do ICMS na inflação. Conforme o boletim de mercado Focus, do Banco Central, a previsão para o IPCA deste mês caiu de 0,21% para 0,06%. Um mês antes, o porcentual projetado era de 0,65%. Alguns analistas falam, inclusive, em deflação para este mês.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO