O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à reportagem nesta quarta-feira (1º) que o governo estuda a compra da vacina que pode prevenir a contaminação pela varíola dos macacos.

A aquisição, ainda em avaliação, pode ser feita para grupos específicos, como profissionais de saúde que lidam diretamente com infectados ou vivem em regiões de fronteira.

“Primeiro tem de circunscrever qual é o público. Não são [todos] os profissionais de saúde de maneira geral”, afirmou.

“A princípio, [serão] aqueles que estão lidando com esses casos, aqueles que vivem em regiões de fronteira. Estamos, junto com as autoridades sanitárias mundiais, buscando qual é o nicho em que se deve aplicar”, disse.

“Estamos com a Opas [Organização Pan-Americana da Saúde] buscando contatos para ter a vacina”, complementou.

O Brasil ainda não tem casos confirmados da doença, mas monitora três suspeitas (no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Ceará). Segundo Queiroga, a situação é de “monitoramento” –mas não de “preocupação”.

“Não é algo que seja grave. Naturalmente, [entre] os mais vulneráveis, crianças pequenas, idosos, pode ter uma repercussão. Estamos monitorando”, afirmou.

O Ministério da Saúde também quer obter uma amostra do vírus para usar como referência em testes laboratoriais. No termo técnico, essa amostra serviria de “controle positivo”.

A expectativa é de que o material chegue ao Brasil até o fim da semana, também via Opas.

Segundo o ministro, três laboratórios brasileiros estão aptos a fazer o diagnóstico da doença: a Funed (Fundação Ezequiel Dias), em Minas Gerais, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo.

O Ministério da Saúde tem evitado o termo “varíola dos macacos” por receio de que, com a eventual chegada da doença ao Brasil, a população comece a matar os animais.
O ministro, assim como sua equipe, têm usado o nome em inglês –monkeypox.

Apesar do nome da doença, são os roedores (como esquilos) os principais suspeitos de serem os reservatórios do vírus.

Segundo a epidemiologista e professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) Ethel Maciel, existem duas vacinas capazes de proteger contra a varíola dos macacos: uma específica para a doença e a vacina contra a varíola humana, que foi usada no passado.

O Ministério da Saúde criou uma sala de situação para acompanhar o avanço da doença. Já o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações reuniu especialistas em um grupo consultivo.

Os principais sinais e sintomas da varíola são febre, erupções na pele e aumento dos gânglios linfáticos (adenomegalia).

Apesar da resistência do presidente Jair Bolsonaro às máscaras de proteção durante a pandemia de Covid-19, os informes do Ministério da Saúde sugerem que as pessoas usem o instrumento também no caso da varíola. Além disso, que lavem as mãos com frequência.

Mesmo sem registro no país, o surgimento de novos casos de varíola dos macacos no mundo tem feito os brasileiros irem atrás da vacina. Com a erradicação da doença, o imunizante parou de ser aplicado no Brasil em 1979.

Em um levantamento feito pela Abcvac (Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas) a pedido do jornal Folha de S.Paulo, 73% dos associados responderam que aumentou a procura pelo imunizante.

O último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde sobre a doença indica que 435 casos já foram confirmados em 24 países, e 27 estão em investigação.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO