A queda brusca na venda de livros didáticos fez com que o mercado editorial tivesse uma retração de 4% no ano passado, mas todos os outros setores tiveram um aumento real de faturamento mesmo em um ano de forte inflação.
Os dados vêm da Pesquisa Produção e Vendas, realizada pela Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros e a Câmara Brasileira do Livro.
Os didáticos despencaram 14% de um ano para o outro, um dado que a coordenadora da pesquisa, Mariana Bueno, credita a uma série de fatores.
“Primeiro, a pandemia para esse subsetor só se efetiva em 2021, já que em março de 2020 a maior parte das vendas de didáticos já tinha sido realizada. Além disso, por causa da crise, houve uma migração grande de alunos da rede privada para a pública, por não conseguirem mais pagar mensalidades. E por fim, já há alguns anos as escolas têm ampliado a adoção de apostilas próprias, substituindo os livros.”
Já o setor de obras gerais, que engloba livros de ficção literária por exemplo, teve “resultado bastante positivo pelo terceiro ano consecutivo”, segundo Bueno. “Foi um crescimento de 3% em termos reais num ano em que a economia cresceu muito pouco.”
Também foi divulgado nesta terça o monitoramento sobre conteúdo digital, que abarca ebooks e audiolivros, por exemplo. Esse nicho teve crescimento de 12% em termos reais.
É importante diferenciar esta pesquisa do balanço anual Painel do Varejo de Livros, feito pela mesma Nielsen e divulgado em janeiro, que apresenta um panorama bem mais animador para o mercado.
Aquele monitoramento é focado em canais específicos do varejo, como livrarias e ecommerces, e este de agora é um raio-x mais preciso da indústria, avaliando todos os códigos de barras vendidos pelo mercado em locais como escolas e supermercados, por exemplo.
FONTE: CORREIO DO ESTADO