Em meia hora de conversa com a imprensa, ontem de manhã, no saguão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), cujo segundo mandato expira em dezembro, vangloriou-se pelas evoluções econômicas nas contas do Estado conquistadas em suas gestões, revelou que o mandato o afasta de “pessoas queridas” e disparou lamentos contra ao que chamou de “condenação moral”.

No caso, o governador reclamou de notícias publicadas na imprensa estadual e nacional que, “precocemente”, disse ele, condenou um dos filhos.

Azambuja “abriu o coração” sustentando na entrevista que “quando você entra na política, as pessoas, às vezes, acham que você tem uma vida muito tranquila, e não é.

Você se afasta dos seus familiares, das pessoas que ama, gosta, dos seus filhos, neto, da sua mãe. Por exemplo, às vezes chego a ficar 30 dias sem entrar em contato com minha mãe”.

Seguiu dizendo o governador: “acho que aí [no fim do mandato] você vai ter um momento para estar mais com a família, amigos e pessoas que gosta.

Às vezes, a política te afasta desse momento. Momento de cunho muito pessoal, mas acho que o mais importante como gestor, homem público, é entregar bem o Estado”.

Ainda que sentido pela falta de tempo aos amigos e familiares, Azambuja deixou escapar que tem vocação pela missão política.

“Vamos terminar o mandato e, chamado pelos amigos, vamos voltar para contribuir, sugerir”, afirmou. Depois de dezembro, Azambuja só pode disputar eleição em 2024, ano que ocorre as disputas municipais. Mas pode assumir uma secretaria, por exemplo, já em janeiro que vem.

QUEIXAS

Depois de comparar o tempo dedicado ao expediente no governo com o escasso período em casa, Azambuja escorchou críticas por notícias que o denunciaram “sem fundamento”.

“Quando a gente ingressa na vida pública, tem momentos das intolerâncias que eu digo e das incompreensões. Exemplo, tenho 22 anos de vida pública, já fui investigado várias vezes, mas nunca condenado, nem processo eu tenho. Aquele assunto da delação da JBS, nem processo penal virou até hoje, está em denúncia ainda, mas alguém já te condenou. Quando sai a matéria você já é precocemente condenado, como aconteceu com meu filho”, afirmou o governador.

A questão do JBS, citada por Azambuja tem a ver com uma operação da Polícia Federal, que investigou um suposto esquema de pagamento de propina em troca de isenção fiscal.

Prosseguiu o governador: “Eu nunca falei disso publicamente, mas meu filho [Rodrigo] foi para os grandes veículos de imprensa como uma pessoa que cometeu algo errado, roubo, propina, um monte de coisa. O que aconteceu quando a juíza ouviu testemunhas, todos que acusaram, inclusive o Ministério Público?”.

Azambuja prosseguiu contando sobre o desfecho de uma das investigações.

“Eu sempre digo, quem condena é a Justiça. A imprensa não condena ninguém, a política também não. Recentemente, inocentaram meu filho, mas ele ficou três anos sendo uma pessoa estampada em alguns veículos como uma pessoa que cometeu algo errado, e não fez”.

O governador revelou ainda sobre os danos pessoais que teria sofrido com a família:

“E eu disse lá atrás ainda, na campanha de 2018, quando um dos debates após operação Vostok, estardalhaço, prisão e uma série de coisas… disse algo que para mim é muito caro na minha vida: um pai nunca abandona um filho, nem se ele estiver errado, só que tenho certeza de que meu filho não fez nada errado”.

SEM INTIMAÇÃO

No mesmo dia da operação, o governador sul-mato-grossense protestou contra a operação, dizendo em entrevista à Agência Brasil, que:

“Há um ano e meio, me coloquei voluntariamente à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários sobre este caso. Infelizmente, até o dia de hoje [12 de setembro de 2018, data da operação], jamais fui convocado pelas autoridades constituídas para apresentar minha defesa às acusações da delação mais questionada do País”.

Ainda na entrevista concedida em evento político, ontem, na Assembleia Legislativa, Azambuja complementou as considerações acerca dos ataques sofridos pelo filho.

“Ele [Rodrigo] foi absolvido, e eu estava correto. Mesmo se tivesse feito alguma coisa errada, eu defenderia meu filho como qualquer pai e mãe. Justiça foi feita, mas, infelizmente, existe uma condenação precoce, principalmente de quem está na vida pública”, disse Azambuja.

“Parece que as pessoas podem dizer o que quiserem e beleza, isso faz parte e nós temos de estar preparados para isso. Graças a Deus tenho minha consciência tranquila, que estamos cumprindo nosso dever por Mato Grosso do Sul”, complementou.

PANORAMA ECONÔMICO

Em seguida, o governador de MS contou que as finanças seguem no azul e que o sucessor dele não encontrará problemas administrativos já no início da gestão.

“Pode ter certeza, acho que nunca teve na história, este ano completamos 45 anos da Divisão do Estado [MT e MS], um governo que vai passar para o sucessor em condições tão boas. O Estado está arrumado, com credibilidade, investimento, cumprindo suas obrigações”.

“Meu dever vou cumprir até 31 dezembro, cumprindo esse papel de transferir o Estado melhor, bem melhor, para quem vier me suceder. Espero que seja o Eduardo Riedel [ex-secretário da Infraestrutura e da gestão de Azambuja, pré-candidato ao governo do Estado]”.

Conforme reportagem publicada no Correio do Estado na segunda-feira, MS é o estado que mais cresceu nos dois últimos anos. A projeção é de que o Produto Interno Bruto do Estado (PIB) tenha um aumento de 4,9% entre 2020 e 2022, impulsionado pela evolução do agronegócio na região.

 

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO