Campo Grande foi reconhecida oficialmente como a Capital Nacional do Chamamé, nesta terça-feira (29).
O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou lei que concede o título à capital de Mato Grosso do Sul e publicação foi feita no Diário Oficial da União.
De acordo com registros históricos, o chamamé nasceu em Corrientes, na Argentina, e chegou ao Mato Grosso do Sul (que na época ainda era Mato Grosso) na primeira metade do século XX, trazido por imigrantes tanto correntinos quanto paraguaios.
O estilo musical foi declarado como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco em 2020.
Em julho do ano passado, o chamamé foi decretado como bem de natureza imaterial de Mato Grosso do Sul.
O projeto de lei para tornar Campo Grande a Capital Nacional do Chamamé é de autoria do deputado Fábio Trad (PSD).
Em nota, a Secretária-geral da Presidência da República informou que a sanção presidencial representa uma homenagem à comunidade campo-grandense e um reconhecimento de todos aqueles apreciam essa arte musical.
A nota lembra que a expressão artística é também acompanhada por dança, e que seu nome significa improvisação, na língua guarani.
“O estilo musical se consagrou, sobretudo, em Campo Grande, expandindo para algumas outras cidades e, posteriormente, por meio de entusiastas que passaram a se organizar em grupos de intérpretes. Dentre eles, Zé Corrêa, precursor do chamamé, sendo o mais representativo e popular artista do gênero musical no Brasil entre as décadas de 60 e 70, tendo difundido o ritmo na capital sul-mato-grossense, de modo que restou instituído o Dia Estadual do Chamamé”, diz a nota.
Chamamé
O estilo musical tem um papel importante na cultura de Mato Grosso do Sul e faz parte da construção da identidade do Estado, segundo a Fundação de Cultura (FCMS).
O presidente do Instituto Cultural Chamamé MS, Orivaldo Mengual, explica que o gênero musical está enraizado nas tradições sul-mato-grossenses.
“Ele tem antecedentes históricos que remontam ao intenso processo migratório verificado no século XIX, tendo como epicentro a Guerra do Paraguai e na sequência, e o ciclo da ‘erva mate’, protagonizados por incontáveis caravanas de carretas boiadeiras vindouras do norte da Argentina, especialmente da Província de Corrientes”, explicou.
Ao som da sanfona, o chamamé caiu no gosto do povo ao ser tocado, principalmente, em festas populares no Estado e logo se formaram conjuntos típicos.
Um dos primeiros músicos locais que popularizaram o chamamé foi o Zé Corrêa, que acompanhava Délio e Delinha nas apresentações de rasqueado.
Considerado o Rei do Chamamé, o músico morreu em 1974, mas deixou um legado de músicas que já foram regravadas por inúmeros artistas.
No entanto, o mérito da introdução do chamamé no Estado é atribuído a dupla Amambai e Amambay.
Outros artistas são considerados expoentes da arte chamamezeira no Estado, como Helinho do Bandaneon, Dino Rocha, Maciel Correa, Zezinho Nantes, Humbertinho Yule, dentre outros.
Orivaldo Mengual ressalta que o sistema de representação cultural do chamamé inclui também a dança de salão, o hábito de tomar o tereré e a degustação de iguarias como a sopa paraguaia e a chipa.
Fonte: Correio do Estado