Professores que atuam nas cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, municípios na fronteira da Bolívia com o Brasil, decidiram fechar o acesso entre os dois países por 24 horas.
A manifestação começou por volta da meia-noite desta sexta-feira (18) e vai até o final do dia.
O bloqueio de acesso entre os dois países vai impedir o tráfego de cargas na importação e exportação.
Só nesta semana, este já é o terceiro dia que o fluxo de comércio exterior é paralisado na região.
Na segunda (14) e terça (15), caminhoneiros bloquearam o acesso ao Porto Seco de Corumbá, inviabilizando a entrada e saída de caminhões.
O protesto ocorreu para chamar a atenção da repercussão que a operação-padrão da Receita Federal está gerando no comércio exterior, e causando prejuízo para transportadoras e a cadeia logística. Nos quase 90 dias de operação-padrão, o prejuízo estimado na cadeia é de R$ 50 milhões.
Com essas diferentes manifestações ocorrendo, esta semana praticamente não houve possibilidade de as atividades comerciais de grande fluxo entre os dois países ocorrer.
O Setlog Pantanal, sindicato que reúne transportadoras de Corumbá e Ladário, indicou que o bloqueio na Bolívia que ocorre nesta sexta-feira (18) só acrescenta um pilar na montanha de obstáculos que atualmente existem na região da aduana.
A aduana entre Brasil-Bolívia está enfrentando uma série de dificuldades para o fluxo normal de comércio exterior desde quando a operação-padrão da Receita Federal foi determinada, em 24 de dezembro de 2021.
O ato acontece para tentar pressionar o governo federal a rever o corte orçamentário feito na pasta, que atingiu cerca de 50% do que estava previsto para 2022.
Essa redução orçamentária inviabilizou o pagamento de abono para auditores e analistas tributários, bem como a realização de concursos públicos para as aduanas. O movimento é nacional.
Por conta dessa situação, a liberação de cargas na importação e exportação no Porto Seco de Corumbá, até semana passada, estava demorando, em média, 15 dias para acontecer. O prazo em período normal é de até 3 dias.
Com os protestos que ocorreram nos dias 14, 15 e agora 18, um volume de caminhões deve aumentar na fronteira e o período de despacho das cargas pelo canal vermelho (que exige atuação da Receita Federal para carregamentos entrarem e saírem do Brasil) pode ultrapassar os 15 dias.
Conforme o Sindifisco, sindicato da categoria dos servidores federais, o governo federal ainda não se posicionou se pode rever o corte orçamentário e, assim, encerrar a operação-padrão.
O horizonte da situação, pelo menos até a manhã desta sexta-feira, é totalmente incerto.
Protesto de professores
Os professores bolivianos promovem um protesto nacional para cobrar do governo da Bolívia melhores condições de trabalho.
Fora da região de fronteira, mobilizações já vinham ocorrendo desde o começo desta semana, principalmente em Santa Cruz e La Paz.
Entre as pautas estão redução do número de alunos por sala de aula, para manter mínimo de 30 estudantes, contratação de profissionais, melhor estrutura das unidades de ensino.
A determinação para ocorrer o fechamento foi dada no dia 15 de março, após assembleia da Federação Regional dos Trabalhadores de Educação Urbana de Puerto Suárez.
O Comitê de Huelga, que conglomera professores nessa região de fronteira, também está nessa mobilização.
“Houve uma ampliação (dos protestos), envolvendo todo o magistério da província (Germán Busch), e foi determinado o bloqueio do Brasil com a Bolívia. É um apoio total ao protesto nacional. É uma medida extrema de atuação para forçar o governo a aceitar as demandas do magistério”, explicou o vice-presidente do Comitê de Huelga, Edgar Hurtado Orellana.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Corumbá (Simted-Corumbá) divulgou que está apoiando as ações no país vizinho.
Fonte: Correio do Estado