A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse em entrevista coletiva, nesta quarta-feira (2) que o Brasil tem um volume de fertilizantes suficiente para atender a demanda nacional até o outubro.
Tereza Cristina ainda revelou, na mesma ocasião, que o País trabalha desde o ano passado com alternativas para garantir o suprimento para o setor, caso permaneça a escassez provocada no conflito entre Rússia e Ucrânia.
A Rússia e sua aliada no conflito com a Ucrânia, Bielorrússia, estão entre os maiores fornecedores do Brasil, que importa 80% de sua demanda.
“A safrinha de milho já está acontecendo, então o que precisava de fertilizantes já está garantido. A safra de verão, que será no final de setembro, outubro, é uma preocupação, mas também temos do setor privado a confirmação de que há um estoque de passagem suficiente para chegar até outubro”, disse a ministra, durante a entrevista coletiva.
Tereza Cristina também pregou tranquilidade ao agronegócio. “Temos que ter tranquilidade neste momento e estudar todos os cenários que podem acontecer”, disse.
Embrapa
Uma das alternativas apresentadas pela ministra são as técnicas que demandam um uso menor de fertilizantes, alvos de estudos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Também estão sendo trabalhadas estratégias de fomento e financiamento para aumento da produção de bioinsumos, fertilizantes organominerais, nanotecnologia e agricultura digital. “A agricultura brasileira é forte, vai continuar forte, e temos que dar as alternativas para ela continuar trabalhando”, ressaltou a ministra.
Plano Nacional
Ainda como medida para tranquilizar o agronegócio, que está entre os maiores produtores de produtos agropecuários do mundo, mas que tornou-se extratamente dependente de fertilizantes importados depois da política de desinvestimento da Petrobras, que arrendou duas de suas fábricas de fertilizantes, na Bahia e em Sergipe, desativou a unidade de Araucária (PR), e ainda paralisou a fábrica de Três Lagoas (MS), o governo deve lançar nos próximos dias, o Plano Nacional de Fertilizantes.
“O Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar. Então, esse Plano, que fizemos lá atrás, há um ano, sem prever nada disso, era que o governo pensava que nós deveríamos ter para que o Brasil, que é uma potência agro-alimentar, tivesse um plano de pelo menos 50% a 60% de produção própria dos seus fertilizantes”, disse a ministra sobre o plano que deve ser apresentado ainda este mês.
Importação
O Brasil, atualmente, é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume e é o maior importador mundial. O Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil.
A Rússia é a maior exportadora mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7,0 bilhões exportados em 2020. É também a maior fornecedora do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que importamos (2020).
Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, segundo dados da Conab.
Bielorrussia
As exportações de fertilizantes da Bielorrússia para o Brasil estão suspensas desde o início de fevereiro por causa do fechamento dos portos da Lituânia para o escoamento desse produto. Desde que soube que a Bielorrússia sofreria sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo brasileiro vem buscando alternativas para suprir a demanda do setor.
A ministra Tereza Cristina esteve na Rússia no ano passado e no Irã em fevereiro deste ano negociando o aumento de exportações de fertilizantes para o Brasil. A estatal iraniana National Petrochemical Company (NPC) afirmou que o Irã poderá triplicar as exportações de ureia para o Brasil, chegando a 2 milhões de toneladas ao ano. No dia 12 março está prevista uma viagem da ministra para o Canadá para negociar o aumento das exportações de potássio para o Brasil.
Fonte: Correio do Estado