Nos últimos dois anos, o número de sistemas instalados de mini e microgeração de energia solar em Mato Grosso do Sul cresceu 313%, ou seja, mais que quadruplicou.

O Estado saiu de 6.641 sistemas ligados à rede em março de 2020 para 27.441 em fevereiro deste ano, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Outro dado que teve crescimento expressivo foi a potência total instalada no Estado, que, segundo levantamento da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), de 2020 para cá atingiu três vezes o verificado. Nesse quesito, a geração saiu do patamar de 69,2 megawatts para 263,9 MW.

Os indicadores confirmam a expectativa do mercado de crescimento forte para este ano. Isso porque, como já noticiado pelo Correio do Estado, a legislação deve mudar em 2023, ano em que os interessados em instalar sistemas como esse passarão a ser taxados pelo governo federal.

Com a publicação da Lei nº 14.300, em 7 de janeiro de 2022, os consumidores que produzem a própria energia renovável passarão a pagar, gradualmente, tarifas sobre a distribuição dessa energia, como é o caso da energia solar fotovoltaica, eólica, centrais hidrelétricas e de biomassa.

Com o novo marco regulatório, aqueles que já têm sistemas instalados mantêm a garantia de isenção de taxas até 2045. Até janeiro de 2023, os consumidores podem garantir ficar nesse grupo.

O presidente da associação Movimento Solar Livre (MSL), Hewerton Martins, diz que a “lei trouxe segurança jurídica somente para quem já tem o sistema instalado, que pode ficar até 2045 isento de pagar impostos. Mas para nós do setor, após 2023 é possível que as pessoas não procurem mais o serviço, pois pode não valer a pena”.

MERCADO

A reportagem do Correio do Estado fez uma pesquisa de mercado com as principais empresas de fornecimento de material de geração de energia solar para saber qual o real impacto da promulgação da lei nos últimos 40 dias, em Campo Grande.

Em todos os estabelecimentos pesquisados, vendedores e gerentes notaram aumento na procura, principalmente de curiosos motivados pela publicidade dada à nova lei da taxação da mini e microgeração de energia solar.

De acordo com Jefferson Fioravante, gerente da Techsol, houve aumento de 15% nas vendas.

“As pessoas têm procurado, orçado e perguntado para conhecer melhor. Boa parte dos que chegam nesse começo de ano é porque souberam da lei e estão curiosos sobre como será daqui para frente”.

William de Andrade, da Eletric Sun Energia Solar, afirma que a procura aumentou bem mais que as vendas.

“Foi algo em torno de 50% na procura por orçamentos”, revela. “ Definitivamente, a curiosidade aumentou bastante”. Ele diz que, com isso, a expectativa de vendas pode seguir em alta.

Enquanto algumas empresas sentem que a legislação não deve interferir muito no andamento do mercado, William é um pouco mais cauteloso.

“Não temos como prever a reação do consumidor. Por ora, temos boa procura, no próximo ano [quando a taxação começar], não sabemos como vai ser”, finaliza.

Hewerton Martins também notou que a procura aumentou consideravelmente em Campo Grande. “Estimamos aumento de 50% na quantidade de orçamentos pedidos nas lojas”.

Ele explica que, com a pandemia do novo coronavírus, “vimos prejuízo no fornecimento de matéria-prima e, em razão da escassez de materiais, pela primeira vez em 11 anos o preço do módulo fotovoltaico subiu”, relata.

Apenas nesta última semana, segundo ele, foi possível notar que os materiais voltaram à oferta normal. “Então, a percepção de desabastecimento que eu observava acredito que não aparece mais”, analisa. Hewerton Martins afirma que o cenário para os próximos meses é de demanda alta.

Geração solar fotovoltaica atinge 9 gigawatts no País

Conforme dados da Absolar, Mato Grosso do Sul é, neste ano, o 12º estado do País em geração distribuída de energia solar, com 263,6 MW de potência instalada. São 27.441 sistemas ligados à rede da distribuidora até o mês vigente.

No ranking municipal da associação, Campo Grande aparece como o 8º município gerador de energia em todo o País, com 57,8 megawatts de potência.

Neste mês, a geração solar fotovoltaica atingiu a marca de 9 GW gerados, com a presença de 828 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede em todo o Brasil.

Isso equivale a 64,2% de toda a capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu, segundo mapeamento da Absolar.

O presidente da associação, Rodrigo Sauaia, ressalta que “a energia solar terá função cada vez mais estratégica para o atingimento das metas de desenvolvimento econômico e ambiental do País, sobretudo neste momento, para ajudar na recuperação da economia, já que se trata da fonte renovável que mais gera empregos no mundo”.

Ainda de acordo com o levantamento da instituição, são mais de 405 mil empregos gerados diretamente no País e R$ 72 bilhões de investimentos privados.

Anualmente, é evitada a emissão de 17,7 milhões de toneladas de carbono.

 

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO