O governo da Argentina anunciou, nesta terça-feira (21), uma série de flexibilizações nas restrições impostas devido à pandemia Covid-19, como a reabertura de fronteiras, inclusive para brasileiros, e a derrubada da exigência de usar máscara em ambientes abertos

.Os argentinos poderão sair às ruas sem máscara, desde que em lugares sem multidões, a partir de 1º de outubro, segundo divulgou a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, em entrevista coletiva com o chefe de gabinete do governo, Juan Manzur -que assumiu o cargo nesta segunda (20), em meio a maior crise política do governo de Alberto Fernández.

O uso do item de proteção permanecerá obrigatório em espaços fechados, como transporte público, cinemas, teatros e locais de trabalho. Além disso, a exigência segue para eventos grandes, ainda que sejam realizados em ambientes abertos.

Já as fronteiras do país passarão por um processo de reabertura gradual. A partir desta terça, segundo a ministra, residentes e estrangeiros que chegarem ao país por motivos de trabalho não serão mais obrigados a ficar isolados por cinco dias, desde que o viajante tenha se imunizado completamente contra a Covid-19 pelo menos 14 dias antes da chegada à Argentina.

A partir de outubro, o governo vai liberar a entrada de pessoas vindo de países limítrofes sem a necessidade de quarentena e abrirá, gradualmente, suas fronteiras terrestres.

A flexibilização será estendida a todos os estrangeiros completamente vacinados, a partir de 1º de novembro –aqueles que não estiverem com o esquema vacinal completo deverão cumprir quarentena no país.

A liberação de confraternizações, também a partir de outubro, foi outra flexibilização incluída no pacote. A partir desta data, discotecas, salões de festas e bailes abrirão as portas, apenas para vacinados, com a capacidade reduzida pela metade.

Torcidas nos estádios Eventos com mais de mil pessoas, desde que com 50% de ocupação, também estarão autorizados em outubro, inclusive partidas de futebol.

Segundo Vizzotti, o trabalho agora será feito em conjunto com os ministérios da Segurança, do Esporte e com a Associação Argentina de Futebol para definir quais requisitos serão exigidos.

Em 9 de setembro, a seleção argentina enfrentou a Bolívia pelas eliminatórias da Copa do Mundo Qatar-2022, no estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires. O evento serviu como um teste, já que contou com 30% da capacidade –a primeira vez que um estádio argentino recebeu torcedores em uma partida oficial, desde março de 2020.

A ministra atribuiu a flexibilização das restrições à queda nas infecções diárias, ao avanço da campanha de vacinação e ao mérito do país de, segundo ela, ter conseguido “conter os surtos e retardar tanto quanto possível a circulação da variante delta como predominante”.

Nas últimas 24 horas, segundo o governo argentino, o país registrou 1.837 novos casos de Covid-19; em maio, a média diária chegou a 26 mil –ao todo, o país tem cerca de 5,2 milhões de casos registrados e mais de 114 mil mortes.

Além disso, 63,5% dos 45 milhões de argentinos receberam pelo menos uma dose da vacina e 43,7% estão completamente imunizados –no Brasil, são, respectivamente, 68,6% e 38%.

O governo argentino pretende ter pelo menos 50% da população vacinada com duas doses em outubro e avançar, a partir de então, na imunização de adolescentes.

A Argentina vive uma das mais graves crises políticas dos últimos anos e a maior do governo de Alberto Fernández, que tomou posse em dezembro de 2019.

Parte da população, dentre ela, apoiadores e aliados da vice-presidente, Cristina Kirchner, condenam as medidas sociais adotadas pelo atual presidente para frear o retrocesso econômico causado pela pandemia –desde 2018, a Argentina já enfrentava uma enorme crise econômica, devendo US$ 44 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Como forma de amenizar os conflitos internos do governo, Fernández anunciou uma reforma ministerial, colocando ainda mais aliados de Kirchner como chefes de pastas importantes.

Em um sinal do desafio que o governo ainda enfrenta, manifestantes marcharam, nesta terça, em Buenos Aires, com faixas exigindo mais empregos e criticando o FMI.

“As medidas emergenciais que estão sendo anunciadas [planos de pagamentos para aposentados e aumento do salário mínimo] são insuficientes”, disse Aylen Macia, porta-voz de um dos movimentos da marcha, à agência de notícias Reuters.

“Queremos salários que estejam de acordo com a cesta básica da família, para que uma família típica possa sobreviver e para que haja medidas concretas de emprego.”

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO